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ONU quer acelerar processos políticos em 2019 para resolver maiores conflitos

24/01/2019 16h05

Davos (Suíça), 24 jan (EFE).- A ONU quer intensificar processos políticos neste ano para encaminhar os maiores conflitos armados da atualidade rumo a soluções de paz, disse nesta quinta-feira o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em um discurso no Fórum de Davos.

Guterres utilizou o encontro de líderes políticos, econômicos e da sociedade civil de todo o mundo para fazer uma análise dos maiores desafios que o mundo e a ONU, em particular, enfrentam.

O político português manifestou a intenção das Nações Unidas de acelerar negociações políticas para pôr fim aos graves conflitos em Síria, Iêmen, Líbia, Sudão do Sul e República Centro-Africana.

"Há dramáticos conflitos em várias partes do mundo, e o que queremos na ONU é intensificar a diplomacia para a paz", afirmou.

O secretário-geral também comentou que as relações entre Estados Unidos, China e Rússia "nunca foram tão disfuncionais como agora", uma situação se reflete na atuação destas potências no Conselho de Segurança da ONU.

Guterres destacou ainda o surgimento de "potências médias" influentes no campo geopolítico, e entre elas citou Turquia, Irã e Arábia Saudita, todas envolvidas de perto no conflito na Síria e no jogo de poderes no Oriente Médio.

"Estamos nos movimentando para uma multipolaridade, em vez do mundo bipolar que imperava quando Rússia e EUA eram as únicas superpotências, e isso deve contribuir para que se reconheça a importância dos mecanismos multilaterais", argumentou.

No entanto, Guterres não abordou no discurso em Davos a crise na Venezuela, que ganhar caráter de urgência na agenda internacional com a autoproclamação do presidente do Parlamento, Juan Guaidó, como presidente do país, e o reconhecimento de sua legitimidade por diversos países, como Brasil e EUA.

Se a menção à crise política venezuelana não foi feita no discurso, ela veio por meio do escritório de Guterres, que divulgou um comunicado pedindo comedimento às partes, além de que se impeça a violência e que seja aberta uma investigação sobre as circunstâncias das mortes nos protestos que estão acontecendo no país sul-americano, especialmente na capital, Caracas.

No discurso, Guterres abordou outros temas também importantes, a mudança climática e o terrorismo internacional, como problemas concretos que só podem ser combatidos a partir de uma perspectiva multilateral, de colaboração.

"As ameaças globais estão cada vez mais integradas, mas as respostas são cada vez mais fragmentadas", lamentou o português.

De todos os problemas que enumerou, Guterres afirmou que a mudança climática é o "mais claro, rápido e grave", e que a sua evolução "é pior do que se esperava".

O secretário-geral da ONU disse que a vontade política para adotar medidas que solucionem esta ameaça "é baixa" e pediu uma mudança de atitude global.

O outro grande desafio citado pelo secretário-geral foi a tendência de que o crescimento econômico - seja maior ou menor - e a globalização gerem benefícios muito desiguais nas sociedades, e alertou que esse é um fator importante que explica a diminuição da confiança das pessoas em relação às organizações internacionais como fiadoras da paz mundial.

"Precisamos entender os sofrimentos e as causas profundas pelas quais grande parte das camadas populares estão em desacordo conosco, e acredito que a explicação está no sentimento que elas têm de que a classe política as abandonou", justificou. EFE