Número de mortes por rompimento de barragem da Vale em MG sobe para 34
(Atualiza com o último boletim dos Bombeiros)
Carlos Meneses e Alba Santandreu.
Brumadinho (MG), 26 jan (EFE).- O número de mortos na catástrofe causada pelo rompimento de uma barragem da mineradora Vale na cidade de Brumadinho (MG) subiu para 34, e pelo menos 250 pessoas continuam desaparecidas.
Até as 21h20 deste sábado tinham sido resgatadas 366 pessoas, das quais 211 são funcionários da Vale e 145 são tercerizados, de acordo com o último boletim do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, que suspendeu as buscas até a manhã de domingo.
Outra barragem da Vale está em observação devido às chuvas que caem em Brumadinho, devido ao risco de um novo colapso que pode piorar a situação na região.
De manhã, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoou de helicóptero a área atingida e disse que o Governo Federal "cobrará justiça" para "prevenir novas tragédias" como a de ontem e a ocorrida há três anos em Mariana, com caraterísticas parecidas e que deixou 19 mortos.
Também hoje, o governo de Israel ofereceu ajuda nos trabalhos de resgate, com o envio de um avião com uma equipe especializada, o que foi aceito por Bolsonaro.
Em meio à comoção e um vaivém de números sobre desaparecidos e resgatados, os bombeiros mantêm as esperanças de achar mais pessoas com vida, apesar de o número de vítimas ter passado de 11 para 34 em poucas horas. As autoridades não informaram se entre mortos estão os ocupantes de um ônibus encontrado no lamaçal.
"Está todo mundo desolado. Ainda não há informações sobre quem está vivo, quem está morto, e fica essa ansiedade enorme. Ninguém sabe o que vai acontecer, e a espera é muito angustiante", disse à Agência Efe André Luis Dutra, psicólogo voluntário, de 34 anos e que também trabalhou no desastre de Mariana, também Minas Gerais.
Dutra tenta transmitir aos familiares um "pensamento positivo" e a ideia de que, "por mais que as possibilidades de sobreviver sejam pequenas, é preciso se apegar a isso". Para ele, o que aconteceu em Brumadinho "não é um acidente, mas uma negligência e um crime".
"Quantas pessoas têm que morrer mais para que as autoridades tomem alguma providência?", questionou ele, que alertou que existem barragens similares em Minas Gerais que são verdadeiras bombas-relógio.
Perto de Dutra estava Giovani de Oliveira, de 22 anos, procurando um amigo de infância que trabalhava há cinco meses no local.
"As pessoas não têm noção do que está ocorrendo", disse.
A sociedade civil também se mobilizou, e ONGs de Minas Gerais criaram o grupo "SOS Brumadinho", através do qual está sendo coordenada a entrega de material de higiene, água e alimentos não perecíveis.
Para facilitar o acesso às vítimas e a chegada dos recursos, as autoridades de Minas Gerais decretaram luto oficial de três dias e estado de calamidade pública no município de Brumadinho, onde a poucos quilômetros da barragem fica o grande museu ao ar livre do Instituto Inhotim.
Com o drama ainda não dimensionado, a Justiça bloqueou R$ 6 bilhões das contas da Vale para assistência às vítimas e mitigação das consequências da catástrofe. O Ibama, por sua vez, aplicou multa de RS$ 250 milhões pelo desastre, segundo confirmou o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, que também visitou a região afetada.
O presidente da maior produtora de minério de ferro do mundo, Fabio Schvartsman, pediu desculpas pelo ocorrido e destacou que a Vale é uma empresa séria e que se esforçou para deixar as barragens da melhor forma possível depois do desastre de Mariana, em 2015.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou após visitar a região que o Ministério Público Federal atuará firmemente para que os riscos sejam prevenidos e que esse tipo de tragédia não se repita novamente. EFE
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