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Maduro diz que está pronto para dialogar com oposição venezuelana

30/01/2019 08h49

Moscou, 30 jan (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se mostrou nesta quarta-feira disposto a se sentar com a oposição para dialogar sobre "a paz e o futuro" do país, segundo disse em entrevista à agência de notícias russa "RIA Novosti".

"Estou pronto, com uma agenda aberta, para sentar com setores da oposição para falar do bem da Venezuela, da paz e do futuro", disse o líder venezuelano, depois que o chefe do Parlamento, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino da Venezuela com o apoio dos Estados Unidos e de outros países, como o Brasil.

Maduro disse que há vários governos que "estão mostrando sua preocupação sincera sobre a Venezuela e lançaram a ideia de um diálogo", como México, Uruguai, Bolívia, Rússia, o Vaticano e alguns países europeus.

O presidente venezuelano afirmou que neste momento há "conversas privadas" e por telefone entre presidentes e chanceleres, e que espera que "haja bons resultados nas próximas horas".

Maduro também se disse disposto a dialogar com o presidente americano, Donald Trump, "em particular, em público, nos EUA, na Venezuela ou onde ele quiser, com uma agenda aberta, todos os temas" que a Casa Branca queira abordar.

"Tenho certeza de que se ele e eu nos virmos frente a frente e conversarmos, outra história será escrita", disse o líder chavista, que por outro lado alegou que o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, proibiu Trump falar com ele.

Maduro também voltou a rejeitar "ultimatos e chantagens" para que convoque eleições presidenciais, dado que defende a legitimidade do pleito realizado em maio do ano passado, não reconhecido pela oposição, que não participou do processo eleitoral, e pela maior parte da comunidade internacional.

No último sábado, Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Portugal deram oito dias a Maduro para que organize eleições ou caso contrário reconhecerão Guaidó como presidente.

"Na Venezuela houve eleições presidenciais, houve um resultado e se o imperialismo quer novas eleições, que espere 2025", afirmou Maduro, que disse que "seria muito bom" antecipar as eleições legislativas que devem ser realizadas em 2020.

"Eu estaria de acordo com a antecipação, através de um decreto da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), das eleições da Assembleia Nacional (AN, Parlamento venezuelano) e que isso sirva como válvula de escape para a tensão que o golpe de Estado imperialista trouxe à Venezuela", defendeu o líder.

"Donald Trump deu a ordem de matar e disse ao governo colombiano e às máfias da oligarquia colombiana que me matem", denunciou Maduro.

Por outro lado, o líder preferiu não comentar se conta ou não com proteção de guardas particulares russos, ao afirmar que "não pode dizê-lo".

Quanto às Forças Armadas da Venezuela e a questão de se manterão lealdade, Maduro disse que estas "vão dar uma lição de moral, lealdade e de disciplina ao império do norte e à direita fascista da Venezuela".

Além disso, disse que são "infantis" e uma "palhaçada" as anotações de Bolton em um caderno sobre o eventual envio de "5 mil soldados à Colômbia" e acusou os EUA de quererem "se apoderar do petróleo da Venezuela", após impor Washington sanções à companhia petrolífera estatal PDVSA e sua filial americana, a Citgo.

Maduro disse que a economia venezuelana atravessa um período de "recuperação crítica", e prometeu pagar as dívidas com China e Rússia, dois de seus principais aliados. EFE