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Filipinas defendem sua "guerra contra as drogas" na ONU e criticam ONGs

14/03/2019 13h49

Viena, 14 mar (EFE).- O ministro de Relações Exteriores das Filipinas, Teodoro Locsin, defendeu nesta quinta-feira "a guerra contra as drogas" de seu governo, acusado de cometer milhares de execuções extrajudiciais, e criticou as ONGs de defesa dos direitos humanos por "prejudicarem a imagem" de seu país.

"Com a guerra contra as drogas, as Filipinas renovam seu compromisso com a responsabilidade do Estado de proteger, antes de tudo, os que cumprem a lei diante dos que a descumprem", declarou o ministro durante discurso na Comissão de Entorpecentes da ONU.

Segundo o chefe da diplomacia filipina, a estratégia de mão dura fez com que mais de 1,4 milhão de consumidores de drogas iniciassem um tratamento e a criminalidade sofresse uma redução de 30%.

Na guerra suja contra as drogas, a polícia filipina calcula que morreram cerca de 5 mil pessoas, mas grupos civis e ONGs internacionais elevam o número para mais de 20 mil e acusam diretamente as forças de segurança de empreender uma campanha de assassinatos.

Locsin reconheceu hoje na ONU que ocorreram alguns abusos "repulsivos" por parte de policiais, mas que eram casos isolados e, portanto, não havia motivo para interromper a guerra contra as drogas.

"Eles nos dizem que deveríamos suavizar nossa postura, que legalizemos as drogas como fizeram alguns países europeus", declarou o ministro, apesar de nenhum Estado europeu ter adotado tal política.

"Consideraríamos essa possibilidade se fôssemos do tamanho de uma lata de sardinhas, mas somos uma nação de 110 milhões de habitantes e milhares de quilômetros de litoral", justificou o ministro.

Em seguida, Locsin atacou as ONGs europeias que criticam seu governo ao afirmar que "está sendo travada uma guerra de relações públicas contra a guerra de combate às drogas" nas Filipinas.

"Pelas mãos dessa campanha difamatória, as ONGs europeias iniciaram outra guerra contra nossa sociedade e nossa segurança", acrescentou o ministro filipino.

Em agosto do ano passado, familiares de vítimas da guerra contra as drogas acusaram o presidente filipino, Rodrigo Duterte, no Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes de contra a humanidade ao considerá-lo "criminalmente responsável" de assassinato e atos desumanos.

Duterte desafiou o TPI a condená-lo à forca, dias antes de o país deixar formalmente o Estatuto de Roma, que constituiu o tribunal de Haia (Holanda).

O presidente filipino anunciou em março do ano passado sua intenção de deixar o tribunal internacional, poucas semanas depois que a promotora gambiana Fatou Bensouda iniciou uma avaliação preliminar sobre as "execuções extrajudiciais" no país. EFE