Ex-advogado de atriz pornô que processou Trump é preso por fraude nos EUA
(Atualiza com declarações da promotoria e comunicado da Nike).
Nova York/Los Angeles, 25 mar (EFE).- Michael Avenatti, ex-advogado da atriz pornô Stormy Daniels no caso contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi detido nesta segunda-feira em Nova York por fraude bancária, desvio de fundos e tentativa de extorsão contra a empresa Nike, segundo documentos judiciais.
O Distrito Sul de Nova York anunciou hoje as acusações contra Avenatti por "tentar extrair mais de US$ 20 milhões em pagamentos" com ameaças, fazendo uso da sua capacidade para "infligir dano à reputação e às finanças da empresa", caso não cumprisse suas exigências.
O próprio Avenatti escreveu hoje no Twitter que pretendia dar uma entrevista coletiva nesta terça-feira "para revelar um escândalo de basquete em escolas de ensino médio e universidades envolvendo a Nike".
Além disso, promotores de Los Angeles anunciaram que Avenatti também enfrenta acusações federais de fraude bancária e cibernética nessa cidade.
Em Los Angeles, o advogado é acusado de malversar um acordo de US$ 1,6 milhão para financiar seu negócio de café, Global Baristas US LLC, e para despesas pessoais. Além disso, está sendo acusado de obter US$ 4,1 milhões em empréstimos de um banco do Mississipi ao apresentar declarações de impostos falsas.
"Avenatti usou ameaças de maneira ilegal e com intenção de extorquir, com o objetivo de obter milhões de dólares em pagamentos de uma empresa", disse o promotor do Distrito Sul de Nova York, Geoffrey Berman.
Segundo o diretor-adjunto do FBI, William Sweeney, "Avenatti se aproximou da Nike na semana passada com uma lista de exigências financeiras em troca de acobertar as alegações de má conduta contra a empresa".
Segundo a promotoria, o advogado tinha ameaçado realizar uma entrevista coletiva para difamar a Nike, mas mostrou à empresa sua disposição de cancelá-la em troca do pagamento de US$ 22,5 milhões - US$ 1,5 milhão como compensação a um cliente "em posse de informação prejudicial para Nike" e cujo nome não foi revelado e o restante para "comprar seu silêncio".
A promotoria ainda detalhou que, se for considerado culpado de extorsão, Avenatti pode ser sentenciado a uma pena máxima de 20 anos de prisão.
Por sua vez, em comunicado, a Nike garantiu que "não será extorquida nem ocultará informação que seja relevante para uma investigação".
Avenatti, que chegou a insinuar que poderia se apresentar como candidato às próximas eleições presidenciais, ganhou fama ao representar Daniels no seu esforço de anular um acordo secreto com Trump e seu então advogado, Michael Cohen.
O objetivo de Avenatti era que Trump reconhecesse a existência de um suposto pacto de confidencialidade relacionado com uma relação sexual entre o governante e sua cliente em 2006, quando o agora presidente já estava casado com Melania.
A estrela pornô disse que um homem se aproximou dela em um estacionamento de Las Vegas em 2011 e disse que poderia ter problemas caso falasse sobre sua suposta relação sexual com Trump.
A atriz assegurou que o medo dessa ameaça foi o motivo pelo qual, na reta final da campanha presidencial de 2016, aceitou assinar um acordo de confidencialidade sobre seu romance com Trump no valor de US$ 130.000.
Em dezembro de 2018, um juiz federal dos EUA ordenou que Daniels pagasse US$ 293.000 a Trump para cobrir as despesas de sua equipe legal no processo por difamação apresentado por ela e que foi rejeitado pela Justiça. EFE
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