Marina: Governo elabora gestão de risco que demanda novas regras jurídicas
Em meio à situação de emergência do Rio Grande do Sul, o governo federal começou a estruturar um plano de gestão de risco que dependerá da criação de novas regras jurídicas especificas para questões climáticas, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no UOL News de hoje (14).
Tem determinadas coisas que, pelo grau de ineditismo, não depende apenas de compromisso e vontade [...] Já estamos trabalhando em uma versão 0.1 de um plano para trabalhar a gestão de risco, o que vai precisar de instrumentos normativos, porque a ideia é que a gente possa trabalhar o sentido de urgência e emergência climática com um instituto jurídico que não existe na nossa legislação.
O plano não surge em cima do nada, o que ele se propõe é fazer uma organização que separe o que é emergencial daquilo que é estruturante, criando níveis de agravação do risco. Você pode ter situação de médio impacto, alto impacto e altíssimo impacto.
"Nem sabemos ainda o que é extremo", diz Marina
A ministra disse também que estamos vivendo consequências da falta de ações após alertas sobre o clima dados ainda na década de 1970. Segundo Marina, ainda não sabemos o que devemos considerar como eventos extremos.
Os cientistas estão dizendo que, possivelmente, no ano passado, houve uma mudança de chave: o que era extremo, passou a ser normal, e o que é o extremo, nem sabemos ainda o que é. Essas realidades já mudaram.
Temos um processo de chuvas torrenciais e secas muito severas. Ou seja, estamos vivendo sob uma nova normalidade climática, que, para a natureza, se configura de acordo com os elementos que vão fazendo sua desconfiguração.
O normal que tínhamos foi desconfigurado [...] Na década de 1970, chegou-se à conclusão que se deveria tomar providências urgentes. Infelizmente, não foram tomadas as providências. A providência mais importante era reduzir o CO2, o uso de combustível fóssil, carvão, petróleo, gás e desmatamento. Isso não aconteceu no tempo que era para ter acontecido. Agora, já estamos vivendo a consequência. Vamos ter que nos adaptar.
Rio Grande do Sul tem 148 mortes confirmadas
Além dos óbitos, há 124 desaparecidos e 806 pessoas feridas. A informação é de boletim publicado pela Defesa Civil na noite da segunda.
Mais de 2,1 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas. Há 538.545 desalojados e 76.884 pessoas em abrigos.
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