Com US$ 600 e uma dose de criatividade, paquistanês constrói avião caseiro
Amjad Ali.
Islamabad, 11 abr (EFE).- Um pequeno avião caseiro construído com suas próprias mãos e pouco mais de US$ 600 colocou um vendedor de pipoca paquistanês em apuros, mas também lhe rendeu os aplausos da Autoridade de Aviação Civil (CAA) de seu país, da qual espera agora permissão para poder realizar seu sonho de voar.
Muhammed Fayaz, de 30 anos e cuja aspiração na vida era ser piloto da Força Aérea, foi detido no último dia 31 de março quando estava prestes a decolar da sua aldeia do distrito de Pakpattan, no leste do Paquistão, por não ter as permissões necessárias e, portanto, representar um perigo para os vizinhos.
No entanto, quatro dias depois, a polícia lhe devolveu o aparelho confiscado e agora Fayaz conta as horas para que a CAA decida se o avião cumpre os requisitos e parâmetros de segurança para poder cruzar os céus, segundo ele mesmo explicou à Agência Efe.
Esse paquistanês, que vem de uma família muito humilde, foi obrigado a deixar os estudos e, além de vender pipocas, também trabalha como segurança noturno, mas sua trajetória não impediu que seu sonho de voar se mantivesse intacto com o passar dos anos.
"Todos os dias costumava olhar os aviões que voavam sobre a minha cabeça, fossem grandes ou pequenos, e sempre pensei no meu sonho enquanto permanecia sentado no chão, desamparado. Pensei: 'por que não utilizar a criatividade que Deus me deu para inventar minha própria aeronave e voar?'", disse.
A odisseia começou há um ano e meio. Fayaz contou que não recebeu ajuda de ninguém e que aprendeu as regras básicas da pressão do ar e as técnicas de voo após fazer várias experiências.
A primeira delas aconteceu quando era criança e viajava com seu pai em uma motocicleta a caminho da escola. Na garupa do veículo, sentiu a pressão do ar ao movimentar uma lousa que levava na mão em diferentes direções.
"Quando a colocava reta não havia nenhuma diferença, mas, quando eu a inclinei para baixo um pouco, minhas mãos iam para cima, e, quando a movimentava para cima, as minhas mãos iam para baixo, de modo que entendi que o ar mantém sua pressão e o papel do motor ao empurrar o avião para frente", relatou.
Outro fator que o ajudou em sua aprendizagem foi o programa "Mayday: Desastres Aéreos", do canal "National Geographic", do qual não perdia um episódio e que o mostrou as partes de uma aeronave e seu funcionamento.
Com suas economias, um empréstimo bancário e a venda de um terreno herdado, o inventor juntou US$ 636 para a construção do pequeno avião, que tinha planejado botar no ar em 23 de março por ocasião do Dia Nacional do Paquistão.
No entanto, a falta de resposta das forças de segurança sobre seu pedido de permissão o fez adiar a incursão.
O vendedor de pipoca declarou que, há cerca de um ano, já fez um "voo de teste" com um motor menor sem o sinal verde das autoridades e viajou na ocasião por dois quilômetros em sua aldeia, a 1,5 metro de altitude.
Desde aquela viagem, Fayaz, que disse que no passado também inventou máquinas de fazer pipoca que vendeu aos comerciantes locais, implementou diferentes mudanças no aparelho para poder voar "mais alto e com mais velocidade".
Em recente comunicado, a CAA elogiou a paixão do jovem pela aviação e informou que tentará assessorá-lo para que aumente seus conhecimentos, já que, sob a Nova Política de Aviação 2019 do governo do primeiro-ministro Imran Khan, qualquer esforço para a promoção do setor será apoiado.
Um porta-voz da CAA, Mujtaba Baig, explicou à Efe que uma de suas equipes inspecionará a aeronave para saber se está em condições de voar e se cumpre os parâmetros de segurança e outros requisitos para decidir se o jovem poderá voar com sua máquina.
Segundo Baig, a aeronave de Fayaz é uma versão "mais simples" da tecnologia já presente no mercado. EFE
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.