Convocação de Guaidó aos quartéis tem baixa adesão na Venezuela
Caracas, 4 mai (EFE).- Cerca de cem pessoas se reuniram neste sábado em Caracas e compareceram aos quartéis para pedir aos militares um levante contra o governo de Nicolás Maduro, como convocou na sexta-feira passada o chefe do Parlamento, Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela.
Um grupo mais numeroso seguiu para o posto militar da residência presidencial de La Casona - que há anos não é ocupada por nenhum governante -, onde foi barrado por policiais que impediam a passagem.
Os manifestantes, a maioria idosos, tentaram dialogar e entregar aos policiais o documento da lei de anistia aprovada pela Assembleia Nacional, controlada pela oposição, que garante perdão jurídico aos que se rebelam contra Maduro.
"Vim porque é preciso lutar pela liberdade. Neste país, a cada dia vamos de mal em pior, não temos comida, não temos remédios, não temos nenhum benefício que o governo deveria proporcionar", comentou Martín Mora, um dos manifestantes.
Após uma breve espera, o grupo se reuniu com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar). O comandante da unidade da GNB recebeu o documento e em seguida o queimou, segundo pôde constatar a Agência Efe, enquanto afirmava que não os militares trairiam o seu dever. A atitude decepcionou os manifestantes.
"O povo está pedindo auxílio porque já não aguenta mais esta situação", ressaltou antes de se lamentar pela resposta e dizer que esperava mais dos agentes desde que Guaidó liderou na terça-feira passada uma tentativa fracassada de levante.
Em frente ao Comando das Forças Armadas no centro de Caracas, a convocação de Guaidó teve uma resposta ainda menor. No local, um porta-voz dos manifestantes leu o documento com o auxílio de um megafone fora do cordão de isolamento policial.
Lá estava Rogelio Díaz, vereador de Caracas e dirigente nacional do partido Comitê de Organização Política Eleitoral Independente (Copei). O político explicou à Efe que a expectativa era fazer com que os militares os escutassem e "se colocassem do lado do povo".
"O que estamos pedindo é que garantam o respeito à Constituição, que entendam que hoje mais de 80% ou 90% do povo da Venezuela estão pedindo uma mudança. Uma mudança democrática, uma mudança para não ser um país onde as crianças morrem por falta de remédios ou comida", argumentou. EFE
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