Médico de francês em estado vegetativo anuncia que vai interromper tratamento para deixá-lo morrer
O médico do francês Vincent Lambert, que se transformou um símbolo do debate sobre eutanásia na França por estar em estado vegetativo há mais de dez anos, anunciou à família do paciente que irá interromper o tratamento nos próximos dias para deixá-lo morrer.
Os advogados dos pais de Lambert, Jean Paillot e Jérôme Triomphe, informaram à Agência Efe que o doutor Sanchez, que atua no hospital de Reims, comunicou a intenção de executar a decisão tomada há um mês de desligar os aparelhos que mantêm Lambert vivo.
A interrupção do tratamento ocorreria, segundo essa fonte, na semana que começa em 19 de maio.
Os advogados apontaram que "se essa decisão for executada, Lambert morrerá em poucos dias" e invocaram o pedido feito à França há cinco dias pelo Comitê da ONU sobre os direitos das pessoas com incapacidade de suspender qualquer decisão à espera de uma investigação médica profunda do caso.
O Governo francês, que disse que iria responder à ONU, entende que foram esgotados os recursos jurídicos do caso, depois que o Conselho de Estado - máxima instância da justiça administrativa - autorizou em abril a interrupção do tratamento e da aprovação do Tribunal Europeu de Direitos Humanos sobre tal decisão.
Para os advogados, "não há nenhuma emergência médica para interromper a alimentação e a hidratação de Lambert e nada justifica uma violação tão desavergonhada do direito internacional e das medidas provisórias reivindicadas pela ONU".
Este caso se transformou na França em modelo do debate sobre os tratamentos e uma morte digna.
Na própria família do paciente há partidários (os pais, uma irmã e um meio-irmão) e opositores (a esposa, cinco irmãos e um sobrinho) a mantê-lo vivo de forma artificial.
Lambert, de 42 anos e enfermeiro psiquiátrico de profissão, sofreu um acidente de trânsito em 2008.
No acidente, Lambert sofreu um traumatismo cranioencefálico que o deixou tetraplégico. Em 2011, os médicos descartaram qualquer possibilidade de melhora e em 2014 seu estado foi qualificado de vegetativo.
Os pais de Lambert, de profundas crenças religiosas, sempre defenderam seu direito à vida e consideram que desligar os aparelhos suporia um tratamento desumano e degradante, por isso que nos últimos anos esgotaram os recursos jurídicos possíveis.