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Sequestrador de Washington Olivetto desembarca no Chile após ser extraditado

20/08/2019 10h41

Santiago do Chile, 20 ago (EFE).- O ex-guerrilheiro Mauricio Hernández Norambuena, condenado no Chile pelo assassinato do senador Jaime Guzmán, crime cometido no dia 1º de abril de 1991, desembarcou no país na manhã desta terça-feira, após ser extraditado pelo Brasil.

Hernández cumpria uma pena de 30 anos de prisão em território brasileiro por ter sequestrado o publicitário Washington Olivetto em São Paulo, em 2001. Ainda na madrugada de hoje, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou sobre a situação do ex-guerrilheiro.

"É nossa política cooperar com outros países e não dar abrigo a criminosos ou terroristas. Vencidos problemas burocráticos entre Brasil e Chile, hoje estamos extraditando Norambuena, sequestrador do publicitário Washington Olivetto em 2001", afirmou o chefe de Estado, no Twitter.

Um dos líderes da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), organização que combatia o regime do ditador Augusto Pinochet, chegou em Santiago por volta de 4h local (5h de Brasília), em avião da Força Aérea Chilena que partiu de São Paulo.

Conhecido também como "comandante Ramiro, Norambuena, em no dia 1º de abril de 1991 assassinou Jaime Guzmán, o fundador do partido União Democrata Independente (UDI) aliado de Pinochet. Além disso, foi condenado pelo sequestro de Cristián Edwards, filho do proprietário do jornal " El Mercurio", Agustín Edwards.

O ex-guerrilheiro, de 61 anos, foi enviado para o mesmo presídio de segurança máxima, em Santiago, onde estava preso até 1996, quando fugiu em um helicóptero, junto com outros três integrantes da FPMR.

Em acordo firmado pelos governos de Chile e Brasil, a partir de tratado estabelecido pelo Mercosul, Norambuena cumprirá no país natal uma pena de 30 anos de prisão, o máximo que se aplica de acordo com a legislação brasileira.

Dentro deste período de detenção, serão descontados os três anos que o ex-guerrilheiro cumpriu até fugir em 1996.

O juiz Mario Carroza, que está a frente do processo envolvendo o extraditado, se reuniu com Norambuena e revelou que terá mais um encontro com ele amanhã, para ouví-lo sobre a operação de escape da penitenciária.

O magistrado, além disso, revelou a imprensa local que a troca das duas prisões perpétuas pela pena máxima brasileira, ainda não é algo definitivo.

"Devo receber os documentos do Brasil, que tratam dos 30 anos, que ainda não é um assunto resolvido", disse Carroza à imprensa chilena.

O paradeiro de Norambuena permaneceu desconhecido até 2002, quando foi condenado a 30 anos de prisão no Brasil pelo sequestro de Washington Olivetto, que foi libertado pela polícia 53 após ter sido capturado.

A família de Norambuena denunciou no domingo que o ex-guerrilheiro foi transferido na sexta-feira passada em uma "operação silenciosa" da prisão onde cumpria pena para dependências da Polícia Federal em São Paulo.

A Frente Patriótica Manuel Rodríguez, que atentou sem sucesso contra Pinochet em 1986, se dividiu após a volta da democracia e uma facção denominada autônoma, que persistiu na violência como ferramenta política, assassinou a tiros Jaime Guzmán quando saía de uma aula na universidade. EFE