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Equador vive 2º dia de protestos contra o governo apesar de estado de exceção

04/10/2019 18h04

Quito, 4 out (EFE).- Apesar do decreto de estado de exceção assinado ontem pelo presidente do Equador, Lenín Moreno, o país enfrenta nesta sexta-feira um novo dia de protestos contra o fim dos subsídios sobre a venda de combustíveis, medida que faz parte de um acordo entre o governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

No entanto, os protestos são menos intensos do que os registrados ontem, quando estradas e avenidas de várias cidades do país foram bloqueadas por filiados às principais centrais sindicais do setor de transportes e estudantes. Para normalizar o tráfego, a Polícia Nacional entrou em confronto com os manifestantes, utilizando bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. Jornalistas também acabaram na mira da ação dos agentes.

Amparados no estado de exceção, militares retiraram hoje barreiras das estradas onde os manifestantes protestavam contra a alta nos preços dos combustíveis. Com o corte do subsídio determinado por Moreno, o preço da gasolina extra, a mais consumida no país, foi reajustado em 24%. Já o galão de diesel subiu 120%.

"No dia de hoje, quase a totalidade do Equador está em paz", disse Moreno, que comemorou a "resposta imensa" da população ao que chamou de "decisão valente do governo".

O estado de exceção, porém, não impediu manifestantes de jogarem pedras contra veículos que transportavam militares na província de Pichincha, cuja capital é Quito. Os soldados responderam com bombas de gás lacrimogêneo e feriram 12 pessoas. Duas delas, segundo uma fonte ouvida pela Agência Efe, estão em estado grave.

Em Quito, o governo disponibilizou ônibus das Forças Armadas para ajudar a população a se deslocar devido aos protestos que atrapalhavam o funcionamento normal do sistema de transporte.

A ministra de governo do Equador, María Paula Romo, informou que 59 policiais ficaram feridos nos protestos desde ontem. Além disso, 350 pessoas foram presas, entre elas líderes sindicalistas de transportadoras em Quito e no sul do país.

O vice-presidente do Equador, Otto Sonnenholzner, afirmou que o governo já sabe quem são os responsáveis pelas manifestações violentas contra as medidas econômicas do governo e disse que o objetivo do grupo é "afundar o país no caos".

Já Moreno reiterou hoje que quer dialogar com os insatisfeitos com o pacote econômico, mas garantiu que o corte dos subsídios para a compra de combustíveis não será revertido. Segundo o governo, o país perdeu US$ 60 bilhões com o auxílio nos últimos 40 anos.

"Sob nenhuma circunstância vou mudar essa medida. Que fique claro: o subsídio foi eliminado", frisou o presidente equatoriano.

O ministro de Transportes e Obras Públicas, Gabriel Martínez, afirmou que o governo está analisando como compensar as empresas de transporte urbano e interurbano. No entanto, Martínez exigiu que as categorias, em especial a dos taxistas, voltem a trabalhar antes de abrir qualquer tipo de negociação.

"Estamos dispostos a dialogar para buscar fórmulas que permitam encontrar um equilíbrio nos preços, já que a eliminação do subsídio do diesel tem impacto sobre as passagens", afirmou o ministro. EFE