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Premiê da Índia mostra força em meio a onda de protestos que já matou 21

22/12/2019 08h58

Nova Délhi, 22 dez (EFE).- O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, participou neste domingo de um comício com a presença de milhares de apoiadores em Nova Délhi e defendeu a mudança na Lei de Cidadania que gerou uma onda de protestos que já matou 21 pessoas.

Esta foi a primeira aparição pública de Modi após quase duas semanas da aprovação da emenda proposta pelo governo, que discrimina imigrantes muçulmanos no processo de obtenção da cidadania indiana. O projeto foi visto como uma forma de marginalizar o grupo minoritário no país.

"Os muçulmanos da Índia não precisam se preocupar", disse Modi.

O comício marca o início da campanha do Partido do Povo Indiano (BJP), liderado por Modi, para as eleições legislativas de Nova Délhi. O pleito será o primeiro teste da popularidade do primeiro-ministro nas urnas depois da violenta onda de protestos que toma o país.

A emenda à Lei de Cidadania foi apresentada, discutida e aprovada em três dias pelas duas câmaras do parlamento da Índia. Ela permite que membros de minorias religiosas perseguidas no Afeganistão, Paquistão e Bangladesh - hindu, sikh, budista, jain, parsi e cristã - que tenham chegado ao país antes de 2014 obtenham cidadania. O benefício, porém, não se estende aos imigrantes muçulmanos.

A mudança provocou dezenas de protestos, alguns deles marcados pela violência. Os manifestantes criticam Modi por considerar que a medida é discriminatória e ataca o caráter laico do governo da Índia por vincular a religião à obtenção da cidadania.

Modi tentou responder a essas críticas hoje em tom de desafio. "Quem está propagando o ódio: o governo central quando propõe uma ajuda? Perguntamos a religião de alguém? Que partido apoiam? Pedimos alguma prova? Estamos ajudando hindus, muçulmanos, cristão, todos", disse durante o comício.

"Este país não aceitará falsas acusações de que estou tirando direitos das pessoas", completou.

Apoio à polícia

O primeiro-ministro da Índia também defendeu a atuação da polícia durante os protestos. As críticas ganharam força há uma semana depois de agentes terem invadido uma universidade frequentada majoritariamente por muçulmanos e reprimido duramente uma manifestação organizada por estudantes.

Imagens gravadas em diferentes cidades mostram os policiais lançando bombas de gás lacrimogêneo contra os protestos e agredindo com cassetetes alguns daqueles que foram às ruas criticar o governo. Os manifestantes respondem jogando pedras na direção dos agentes.

"O que eles ganham ao ferir os policiais com pedras? Os agentes trabalham pela segurança de todos, independentemente de credo", afirmou o primeiro-ministro.

A violência das manifestações já deixou 21 mortos e centenas de feridos. Além disso, mais de mil pessoas foram presas, segundo informações confirmadas por governos locais da Índia. Uma das vítimas dos protestos é uma criança de 8 anos.

Quase metade dos feridos foi atingido por tiros, mas a polícia da Índia nega que os disparos tenham sido feitos pelos agentes que trabalham na repressão aos protestos. EFE