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Em meio à crise, governo da Espanha irrita base e se fragiliza politicamente

31/03/2020 15h24

Madri, 31 mar (EFE).- O governo da Espanha, ao mesmo tempo em que lida com um colapso no sistema de saúde, com mais de 5,2 mil internados em decorrência da Covid-19 e com mais de 800 mortos por dia, agora precisa encarar uma fragilização da base a apoio e fortes críticas da oposição, devido a paralisação na economia do país.

Ao longo do mês de março, as infecções pelo novo coronavírus foram de 73 pessoas até alcançar nesta terça-feira 94.417, número superior ao da China, onde surgiu o patógeno, e inferior apenas aos de Estados Unidos e Itália - que é o único na frente da Espanha na contabilização de mortos, até o momento.

O governo, nos últimos dias, vem destacando que a curva de novos casos começa a apresentar queda. Na semana retrasada, o índice girava em torno de 30%. Na última quarta-feira era de 20% e desde o fim de semana, está na margem de 10%.

O problema atual, no entanto, é a ocupação das unidades de terapia intensiva no país, que está perto do máximo. Nas comunidades de Madri e Catalunha, as mais afetadas até o momento pela pandemia, a taxa chega perto de 80%.

Além disso, há muitas reclamações por falta de material médico e de proteção. Entre profissionais de saúde, para piorar, são 12 mil contágios do novo coronavírus.

PARALISAÇÃO DA ECONOMIA.

Como o remédio mais eficaz até o momento para vencer o vírus tem sido o impedimento de contatos sociais e da mobilidade, ontem entrou em vigor um decreto do governo que suspendeu todas as atividades consideradas não essenciais até 9 de abril.

A medida, que teve apoio dos sindicatos, rompeu a frágil maioria estabelecida pelo socialista Pedro Sánchez, que desde o início da crise centralizou todas as decisões, apesar da Espanha ser um país onde as comunidades contam com grande autonomia.

As críticas vêm de todos os lados pela paralisação das atividades econômicas, com mais força disparadas pelo conservador Partido Popular (PP), legenda mais representativa da oposição. Empresários também deixaram claro que não gostaram da medida.

Aliados de Sánchez, no entanto, também apresentaram descontentamento, como o Partido Nacionalista Basco, que forma a aliança que garantiu maioria no Parlamento para a formação de um novo governo.

Para tentar conter o descontentamento na população, o Executivo liderado pelo socialista deve anunciar uma série de medidas para os mais vulneráveis, como os trabalhadores autônomos ou pessoas que não têm renda suficiente para pagar os aluguéis.