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Polícia de Hong Kong prende 50 políticos opositores e ativistas

06/01/2021 15h59

A polícia de Hong Kong prendeu nesta quarta-feira (data local) 50 políticos e ativistas da oposição por supostamente violarem a polêmica Lei de Segurança Nacional, informou a imprensa local.

Muitos dos opositores, incluindo vários ex-deputados, foram presos por participação nas eleições primárias extraoficiais do campo pró-democracia em julho do ano passado, antes das eleições legislativas de setembro, que acabaram sendo adiadas pelas autoridades sob o pretexto da pandemia do novo coronavírus.

Segundo o jornal "South China Morning Post", esta é a maior operação com prisões do tipo desde que a controversa Lei de Segurança Nacional entrou em vigor, em 30 de junho de 2020. Entre as penas previstas está até mesmo a de prisão perpétua em casos de secessão ou conluio com forças estrangeiras.

O Partido Democrata informou no Twitter que a polícia considerou sua campanha para tentar conseguir a maioria no Parlamento de Hong Kong "um ato de subversão que viola a Lei de Segurança Nacional".

Entre os presos estão os ex-deputados Leung Kwok-Hung, Gary Fan, Lam Cheuk-ting, Chu Hoi-dick, Au Nok-hin, Alvin Yeung, Wu Chi-wai, James To e Andrew Wan.

O organizador das primárias, Benny Tai, também estava entre os presos, assim como Robert Chung, diretor executivo do Instituto de Pesquisa de Opinião Pública de Hong Kong (Pori, na sigla e inglês), que forneceu a tecnologia para a realização da votação.

O segundo principa, dirigente do instituto, Chung Kim-wash, disse hoje à emissora "Commercial Radio" que a polícia entrou em contato com ele hoje para que ajudasse nas investigações.

Maya Wang, pesquisadora da ONG Human Rights Watch, disse hoje que "o governo chinês decidiu celebrar 2021 com as prisões de mais de 50 destacados ativistas pró-democracia em Hong Kong, apagando os restos de aparência democrática deixados na cidade".

"Mais uma vez, Pequim não está aprendendo com seus erros em Hong Kong: a repressão gera resistência, e milhões de habitantes de Hong Kong continuarão a lutar por seu direito de voto e concorrer como candidatos a um governo eleito democraticamente", afirmou.

Desde a entrada em vigor da controversa lei de segurança - projetada e imposta por Pequim - houve inúmeras operações policiais e prisões de ativistas, com alguns optando por se exilar para evitar represálias por atividades que, sob a nova legislação, poderiam constituir crimes.