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Protestos na Colômbia deixam 16 mortos, segundo autoridades

03/05/2021 21h55

Bogotá, 3 mai (EFE).- Os protestos e distúrbios dos últimos seis dias na Colômbia contra o polêmico projeto de reforma tributária, já retirado pelo governo, deixaram ao menos 16 mortos e mais de 700 feridos, informou a Defensoria do Povo nesta segunda-feira.

Segundo dados da instituição, que não deu detalhes sobre a identidade das vítimas nem as circunstâncias das mortes, "254 civis e 457 policiais ficaram feridos". Outras fontes reportaram números maiores, tanto de lesionados como de mortos.

Os protestos, que continuam a ocorrer, começaram na quarta-feira passada, de maneira pacífica, nas principais cidades do país, mas atos de vandalismo em Cali, Ibagué, Medellín e Bogotá aumentaram a tensão social.

O presidente do país, Iván Duque, anunciou no domingo a retirada do polêmico projeto apresentado no dia 15 de abril pelo Ministério da Fazenda e solicitou ao Congresso a tramitação urgente de um novo projeto resultante dos consensos, de modo a evitar a incerteza financeira.

O comitê que organizou os protestos concedeu uma entrevista coletiva nesta segunda-feira, na qual a segunda vice-presidente da Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (Fecode), Martha Alonso, divulgou números de mortos mais altos que os da Defensoria.

"No momento, temos 1.089 casos de violência policial, dos quais pudemos identificar ao menos 124 feridos de violência", comunicou.

Alfonso acrescentou que, durante as manifestações, foram registradas "726 detenções arbitrárias, seis fatos de violência sexual, 27 homicídios, 12 jovens que perderam a visão", e que "mais de 45 defensores dos direitos humanos tiveram limitada a possibilidade de exercer a função".

ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ABUSO POLICIAL.

Na falta de dados oficiais, a ONG Temblores alertou que, ao longo dos cinco dias anteriores de protestos, 21 pessoas foram assassinadas, 92 foram vítimas de violência física por parte das forças de segurança e outras 672 acabaram sendo detidas arbitrariamente.

A organização investiga as mortes de oito manifestantes supostamente atacados por agentes e documenta quatro denúncias de violência sexual por parte de integrantes das forças de segurança.

Sobre essas denúncias, o diretor da polícia, general Jorge Luis Vargas, disse nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, que há 26 investigações preliminares que visam elucidar as circunstâncias dos homicídios e das agressões física, além de determinar se os agentes tiveram responsabilidade nesses casos.

Na mesma coletiva, o ministro da Defesa, Diego Molano, evitor dar detalhes sobre as mortes porque "a Procuradoria-Geral deve determinar, como autoridade responsável e competente, quais das vítimas desses dias estão associadas especificamente" aos protestos.

"Lamentamos as mortes de todas as pessoas que estiveram nessas manifestaçõs e que, por resultado da ação criminosa dos vândalos, perderam a vida", afirmou o ministro.

"A Colômbia enfrenta uma ameaça terrorista, organizações criminosas estão por trás dos atos de violência que ofuscam o protesto pacífico. São atos premeditados, organizados e financiados por grupos de dissidências das Farc e do ELN", comentou Molano, ao anunciar que as autoridades registraram 540 policiais e 306 civis feridos durante os protestos.

A prefeita de Bogotá, Claudia López, declarou que, "após cinco dias de protestos majoritariamente pacíficos, não houve nenhum morto ou ferido por arma de fogo, mas lesionados" na cidade.

O projeto de reforma tributária, já retirado, aumentava os impostos mediante a ampliação da base tributária e a cobrança do Imposto de Valor Agregado (IVA) de 19% dos serviços públicos, entre outras medidas polêmicas.

Com o projeto, o governo buscava arrecadar 23,4 bilhões de pesos para melhorar a situação das finanças públicas e dar continuidade aos programas sociais para os mais pobres, cuja demanda aumentou ao longo da pandemia de covid-19.