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Personalidades latino-americanas pedem fechamento da prisão de Guantánamo

04/05/2021 02h08

Santiago (Chile), 3 mai (EFE).- Ex-chanceleres, senadores, ex-legisladores e personalidades do mundo político e acadêmico dos países latino-americanos assinaram uma declaração conjunta pedindo ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que feche a prisão de Guantánamo.

O documento, assinado por 83 pessoas e divulgado nesta segunda-feira, respalda o recente pedido de 24 senadores do Partido Democrata dos EUA pelo fechamento do centro de detenção instalado em 2002 na base naval de Guantánamo, em Cuba.

"Entendemos que este pedido dos legisladores visa reivindicar o respeito à lei, a centralidade dos direitos humanos e da democracia na política interna e internacional dos EUA", afirma a carta, assinada por vários ex-chanceleres da América Latina, entre eles o brasileiro Celso Amorim.

"Tal decisão transcenderia a dimensão local e enviaria uma mensagem clara e significativa ao mundo e à América Latina em particular, em cujo território está instalada esta prisão", continua o documento.

Os signatários - constituídos como Mesa de Reflexão Latino-Americana, instância que no ano passado solicitou reiteradamente a suspensão das eleições para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - consideram que o fechamento de Guantánamo "contribuiria para a criação de um novo espaço de diálogo no continente americano".

Essa postura também favoreceria o diálogo em temas como fortalecimento da democracia, respeito aos direitos humanos, desigualdade, cooperação e desenvolvimento, transferência de tecnologia e reestruturação do sistema interamericano, segundo a carta.

O pedido deste grupo latino-americano também se baseia nas conclusões de um grupo de especialistas da ONU, "para quem os 40 detentos que ainda vivem lá estão no que chamam de limbo jurídico, fora do alcance do sistema judicial constitucional dos EUA".

Os relatores da ONU descreveram o centro de detenção como "vergonhoso para o mundo" e solicitaram ao governo dos EUA que inicie seu fechamento o mais rápido possível.

"Os detidos que permanecem na prisão da Baía de Guantánamo correm o risco de morrer devido à rápida deterioração da saúde por conta do envelhecimento e dos danos físicos e mentais sofridos pelas condições cruéis e desumanas de encarceramento", afirma o relatório da ONU citado na carta.

O ex-presidente dos EUA, Barack Obama (2009-2017), fez do fechamento da base uma de suas prioridades como presidente e, embora não tenha alcançado seu objetivo, conseguiu esvaziar parte da prisão, transferindo um total de 196 detidos para outros países.

Já durante a campanha para as eleições de 2016, o ex-presidente Donald Trump se posicionou contra as transferências de prisioneiros e prometeu manter e ampliar a prisão para enchê-la de "bandidos".

A prisão de Guantánamo chegou a abrigar 800 presos logo após sua abertura, por ordem do então presidente George W. Bush (2001-2009), após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.