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López Obrador intensifica ataque contra classe média: "aspiracionista"

22/06/2021 01h24

Cidade do México, 21 jun (EFE).- O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, intensificou na segunda-feira seu ataque à classe média, que ele culpa pela perda de votos nas eleições de meio de mandato de 6 de junho, e prometeu criar uma nova.

"Estou falando de aspiracionismo, o que quer que seja, sem qualquer tipo de escrúpulos morais". O neoliberalismo ou neoporfirismo (em referência ao ditador Porfirio Díaz) trouxe consigo uma concepção muito individualista, muito egoísta, muito focada ou orientada ao progresso material", disse o governante em sua entrevista coletiva diária.

Nas eleições de 6 de junho, a aliança de López Obrador perdeu a maioria qualificada no Congresso e metade das prefeituras da região da Cidade do México, que ficou dividida simetricamente, com a oposição majoritária no oeste, e o partido governista no leste.

O presidente mexicano argumentou que houve "uma campanha de manipulação muito forte e uma guerra suja" por parte da classe média, particularmente na capital do país, por medo de perder seus "privilégios".

"Muitos nem sabiam no que estavam votando, estavam muito chateados, muito confusos, estavam cegos contra nós, contra o projeto de transformação porque, no final, no fundo, são defensores da continuação do mesmo regime de corrupção", declarou.

No México, onde mais da metade da população vive em algum nível de pobreza, 39% se enquadram na classe média, de acordo com o último estudo do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi).

Nas áreas urbanas, a proporção de habitantes de classe média sobe para 47%.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) considera que 45% da população mexicana está na classe média por ter renda mensal de ao menos 15.000 pesos (cerca de US$ 750), de acordo com um relatório de 2019.

Mas isso contrasta com a autopercepção dos mexicanos, pois seis em cada dez se identificam como classe média, segundo um estudo do instituto De las Heras Demotecnia.

López Obrador, que chegou ao poder com o lema "primeiro os pobres", argumentou na segunda-feira que seu projeto de "transformação" do país inclui um desenvolvimento de valores, além do progresso material.

"Queremos uma classe média, é claro, queremos tirar milhões de mexicanos da pobreza para formar uma nova classe média, mais humana, mais fraterna, mais solidária, é isso que queremos, para tirar milhões de mexicanos da pobreza", disse ele.

O presidente criticou os intelectuais que promoveram uma campanha contra o voto em seu partido, o Movimento de Regeneração Nacional (Morena), e a favor de outros candidatos que ele considerou "pouco representativos".

"Eles estão defendendo candidatos, candidatas, de extrema direita, algo inacreditável", alegou.