Candidato à Presidência do Chile defende Pinochet e nega ser de ultradireita
Em uma reunião com correspondentes de imprensa estrangeira credenciados no Chile, o integrante do Partido Republicano, que várias pesquisas colocam como o segundo e até mesmo o primeiro colocado nas eleições presidenciais do próximo dia 21, respondeu por que ele não descreve o regime de Pinochet como uma ditadura, mas o faz com os governos dos outros três países.
"Há uma situação que faz diferença em relação ao que está acontecendo em Cuba, Venezuela e Nicarágua. Acredito que o que aconteceu na Nicarágua reflete plenamente o que não aconteceu no Chile (sob Pinochet): eleições democráticas foram realizadas e os opositores políticos não foram presos. Isso faz uma diferença fundamental", argumentou Kast, advogado de 55 anos.
O candidato acrescentou que a Constituição que foi promulgada em 1980 durante o regime de Pinochet e que ainda hoje está em vigor continha toda a transição para a democracia e que todas as instituições que emanaram daquela Carta Magna, desde o Parlamento até as Forças Armadas, incluindo o Judiciário, continuam em vigor.
"Portanto, não há nenhum ponto de comparação com o que está acontecendo nas ditaduras de Cuba, onde elas são ditaduras há mais de 70 anos, ou com a narcoditadura na Venezuela ou com a ditadura de (Daniel) Ortega na Nicarágua", comparou.
"Diga-me se as ditaduras entregam o poder à democracia e se elas fazem uma transição para a democracia e ela é respeitada? Isso é o que outros países não fazem e o que o Chile fez", completou.
Em 2017, quando também foi candidato à Presidência, Kast declarou que receberia o voto de Pinochet, morto em 2006, caso o ex-chefe de governo estivesse vivo. "Não temos meios para perguntar a ele, mas acho que ele não teria muita alternativa", respondeu ao ser perguntado a respeito nesta sexta.
"NÃO ME SINTO DE EXTREMA DIREITA".
Em sua conversa com os jornalistas, Kast fugiu de comparações com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Além disso, negou ser de extrema direita e pediu para não ser rotulado como tal, mas sim como "um candidato de bom senso".
"Eu não sou (de extrema direita). Um conceito foi cunhado pela imprensa de que eu sou extremo, extremo em quê? É uma divisão política antiga, e vamos romper com esquemas políticos tradicionais. Por que você acha que alguém que é descrito como de extrema direita está liderando nas urnas?", indagou.
O candidato convidou as pessoas a reverem seu programa eleitoral, no qual frisou haver propostas detalhadas de "senso comum" sobre migração, propriedade privada, economia e meio ambiente, entre outros.
Ele explicou que seu compromisso é criar um "estado pequeno, austero e eficiente, mas forte" porque assim, em sua visão, mais recursos chegarão às pessoas.
O candidato reiterou sua rejeição ao casamento igualitário, que está sendo debatido atualmente no Congresso, e ao aborto, que atualmente é legal no Chile sob três fundamentos e cuja descriminalização total também está em discussão.
Com relação à migração, ele declarou que é preciso controlar as fronteiras. Kast revelou ter planos de construir uma vala na fronteira norte e considerou que a origem da onda de migrantes venezuelanos entrando ilegalmente no país está na "narcoditadura" de Nicolás Maduro. Em sua opinião, o Chile deveria expulsar o embaixador venezuelano.
Kast é um dos sete candidatos que às eleições chilenas e é um dos favoritos ao lado de Gabriel Boric, de esquerda. EFE
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