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Chavismo completa 1 ano no comando do Parlamento da Venezuela e reforça poder

07/12/2021 05h49

Caracas, 6 dez (EFE).- A eleição para o Parlamento da Venezuela, que completa exatamente um ano nesta segunda-feira, marcou o retorno do chavismo ao comando do legislativo: a oposição optou por boicotar as urnas, e o partido governista aproveitou para dominar, mais uma vez, todos os poderes do país.

Naquelas eleições, o partido do presidente Nicolás Maduro conseguiu 92% das cadeiras da Assembleia Nacional (o nome oficial do Parlamento). Uma vitória esmagadora contra um pequeno grupo de membros da oposição rotulado pela grande maioria do bloco antichavista como vendido aos governistas.

A outra ofensiva do governo foi contra partidos de esquerda tradicionalmente aliados, como o Pátria para Todos (PPT), Tendências Unificadas para Alcançar o Movimento de Ação Revolucionária Organizada (Tupamaro) e o Partido Comunista da Venezuela (PCV).

Essas legendas foram às urnas sob a coalizão Aliança Popular Revolucionária (APR) e, apesar de terem obtido apenas um assento de deputado, tornaram-se ao longo daquele ano a principal voz de protesto contra o governo chavista.

APOIO COLOMBIANO.

Desde a eleição, os ex-deputados que formavam a maioria na legislatura de 2016 a 5 de janeiro de 2021 iniciaram uma campanha para deslegitimar a nova composição do Parlamento.

Nos 12 meses desde o último pleito parlamentar, a nova Assembleia Nacional recebeu vários apoios, um deles particularmente surpreendente: o do Senado da Colômbia.

Em 20 de outubro, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, anunciou que havia recebido uma carta do presidente do Senado do país vizinho, Juan Diego Gómez, informando que a casa havia aprovado por unanimidade uma proposta de criação de uma comissão bilateral para trabalhar na normalização das relações diplomáticas bilaterais.

No coração legislativo da Colômbia, cujo governo é um dos principais apoiadores do ex-deputado Juan Guaidó - que chegou a se autoproclamar presidente interino da Venezuela -, nasceu assim um forte apoio à legitimidade da Assembleia Nacional.

Rodriguez, notavelmente feliz, respondeu com outra carta, na qual afirmou que o parlamento venezuelano está "totalmente preparado" para iniciar o processo proposto. Porém, a criação de uma comissão para este fim foi congelada, sem uma data no horizonte para as primeiras reuniões.

NEGOCIAÇÃO E NOVO CNE.

Talvez o marco mais importante do período de um ano desde as eleições tenha sido o início de um processo de diálogo com a oposição liderado pelo próprio Rodríguez, a pedido de Maduro. Uma negociação que acabou paralisada após a extradição do empresário colombiano Alex Saab - suposto testa de ferro do presidente - de Cabo Verde, onde estava preso, para os Estados Unidos.

Como resultado deste diálogo, realizado no México, a Assembleia Nacional venezuelana nomeou um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em maio, de acordo com suas funções constitucionais.

Entretanto, este novo órgão eleitoral não é composto exclusivamente por simpatizantes do governo. Ele conta com três chavistas e dois membros da oposição, o que representa o maior sinal, até agora, de sucesso dos contatos entre as partes e um alento para que detratores de Maduro participassem das eleições regionais de 21 de novembro.

Além dessas concessões no diálogo, o controle da Assembleia Nacional pelos herdeiros políticos do ex-presidente Hugo Chávez facilitou a aprovação de todos os projetos de lei governistas sem nenhum problema.

O exemplo mais significativo foi a aprovação de um pacote de reformas enquadrado dentro da chamada "revolução judicial" promovida por Maduro e liderada pelo segundo mais importante líder chavista, Diosdado Cabello. EFE