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Quatro meses após terremotos, Nepal não consegue usar US$4,1 bi de doadores

Em Katmandu

02/09/2015 09h54

Dois meses depois de vários países e agências internacionais prometeram US$ 4,1 bilhões em ajuda ao Nepal para se recuperar do pior desastre natural já ocorrido no país, o governo nepalês ainda tem de fazer arranjos para receber o dinheiro e não gastou nada em reconstrução.

A Organização das Nações Unidas estima que quase 3 milhões de pessoas afetadas pelos terremotos de abril e maio -- cerca de 10% da população do país, na região do Himalaia -- necessitam de abrigo, alimentação e cuidados médicos básicos, boa parte delas em áreas montanhosas de difícil acesso.

O diretor-executivo da recém-criada Autoridade de Reconstrução Nacional, Govind Raj Pokharel, diz ser improvável que o governo comece a usar o dinheiro antes de outubro por causa de atrasos na aprovação dos programas e preocupações sobre como iniciar trabalhos de construção na época das monções.

"A resposta do governo tem sido lenta. Admito isso", disse Pokharel.

O Nepal tem sido criticado por sua resposta caótica aos terremotos que mataram quase 9.000 pessoas. O país não conseguiu preparar-se adequadamente mesmo depois de especialistas terem previsto ser provável um grande terremoto no país. E agora o governo tem dificuldades para dar conta da ajuda.

Quatro meses depois, muitos edifícios parcialmente danificados em Katmandu ainda estão nas mesmas condições, e o entulho está espalhado por parques públicos. Dezenas de milhares de pessoas estão vivendo em barracas de plástico, às voltas com moscas e mosquitos, em meio a ruas lamacentas e sem sistema de esgoto.

Maili Pariyar, de 50 anos, tricota uma bolsa para vender diante de sua barraca e diz que só recebeu de agências beneficentes alimentos e materiais para o abrigo. Não obteve nada do governo. "Perdemos tudo. Estamos desesperados", disse ela. "Quanto tempo mais nós temos que esperar por ajuda?"

O funcionário da ONU e coordenador humanitário para o Nepal, Jamie McGoldrick, disse que o governo tem sido lento. "O governo precisa agir", afirmou. "O próximo grande desafio é garantir que as pessoas que vivem em tendas estejam preparadas para o inverno."