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PF faz buscas em empresas que forneceram serviços à campanha Dilma-Temer

27/12/2016 12h11

(Reuters) - A Polícia Federal realizou nesta terça-feira operações de buscas em três empresas que prestaram serviços à campanha à Presidência da República encabeçada pela ex-presidente Dilma Rousseff e que tinha como companheiro de chapa o atual presidente Michel Temer, informou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As operações foram determinadas pelo ministro Herman Benjamin, relator de um processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer na corte eleitoral.

Benjamin apontou em despacho no último dia 16 a necessidade de aprofundar as investigações sobre as movimentações financeiras das empresas. As suspeitas são de que as companhias não têm capacidade operacional para prestar os serviços declarados e também envolvem o recebimento de elevados valores por pessoas físicas e jurídicas sem causa demonstrada.

"Além das operações de busca, o despacho do ministro autoriza a quebra de sigilo fiscal de diversas empresas e pessoas que demonstraram maior indícios de irregularidades nos gastos eleitorais. O nome dessas empresas e pessoas, no entanto, foi mantido em sigilo", informou o TSE em áudio divulgado em seu site.

O processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder político e econômico foi movido pelo PSDB, do candidato derrotado por Dilma em 2014, senador Aécio Neves (MG), atualmente um aliado de Temer.

Ao ser questionado se estava preocupado com a ação da PF, o presidente Temer disse que não há "nenhuma preocupação".

"Faz parte da investigação. Isso é natural, não há nenhuma irregularidade nisso. A investigação segue adiante com depoimentos, perícias, enfim, fatos como este que visam exatamente a instruir o processo que está no Tribunal Superior", afirmou Temer a jornalistas em Maceió.

A campanha de Dilma nega quaisquer irregularidades na campanha, suspeita de ter sido abastecido com recursos de propina do esquema de corrupção na Petrobras. Os advogados de Temer pediram ao TSE que suas contas de campanha sejam analisadas separadamente das da petista, que deixou o governo no final de agosto após ter o mandato cassado em um processo de impeachment.

Uma eventual decisão do TSE de cassar a chapa vencedora da eleição de 2014 pode resultar na perda de mandato de Temer e, como não há mais tempo hábil para que o caso seja julgado pela Justiça Eleitoral ainda este ano, pode levar à eleição indireta para presidente da República a partir do ano que vem.

O presidente do TSE, Gilmar Mendes, disse que seria "ideal" que o caso fosse julgado logo, mas reconheceu que a análise do processo pelo plenário da corte pode ser atrasado caso os acordos de delação premiada da Odebrecht na Lava Jato sejam considerados na ação.

Até o início de maio vencem os mandatos de dois ministros do TSE --Henrique Neves e Luciana Lóssio, ambos representantes da comunidade jurídica na corte. Cabe ao presidente nomear os substitutos, portanto, se o caso for analisado depois desse prazo, Temer poderá indicar os dois magistrados.

(Por Eduardo Simões, em São Paulo)