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Principal democrata do Senado dos EUA tentará barrar indicado de Trump à Suprema Corte

23/03/2017 16h35

Por Lawrence Hurley e Andrew Chung

WASHINGTON (Reuters) - O democrata mais graduado do Senado dos Estados Unidos prometeu nesta quinta-feira recorrer a um entrave processual para barrar a confirmação do indicado do presidente republicano Donald Trump à Suprema Corte, Neil Gorsuch, uma manobra que pode provocar uma disputa partidária violenta e mudar a maneira como o Senado trabalha.

Os republicanos detêm uma maioria de 52 dos 100 membros do Senado, o que cria uma enorme dificuldade para os democratas impedirem a confirmação de Gorsuch, mas as regras da instituição lhes permitem exigir que haja 60 votos para permitir o acionamento de um procedimento conhecido como 'filibuster' e convocar outra votação para confirmar Gorsuch no posto vitalício na maior instância jurídica do país.

    Trump pediu aos republicanos do Senado que mudem as regras já antigas para permitir uma votação de confirmação por maioria simples se os opositores recorrerem ao filibuster. Se aceito, tal como se espera, o juiz de um tribunal de apelações do Colorado irá restaurar a maioria conservadora da corte de nove membros, cumprindo assim uma das principais promessas de campanha de Trump.

Quando o Comitê Judiciário iniciou o quarto e último dia de sabatina de Gorsuch, a questão premente era saber se ele iria receber o apoio de senadores democratas que correm risco de não se reeleger em 2018. O endosso de oito deles frustraria o filibuster.

"Depois de uma deliberação cuidadosa, concluí que não posso apoiar a indicação do juiz Neil Gorsuch para a Suprema Corte", disse o líder democrata Chuck Schumer no plenário do Senado um dia depois de Gorsuch terminar a maratona de depoimentos ao Comitê Judiciário.

"Ele terá que receber 60 votos para a confirmação. Meu voto será 'não', e exorto meus colegas a fazerem o mesmo".

    Na terça e quarta-feira, membros democratas do comitê pressionaram Gorsuch a respeito de veredictos dos quais ele participou que afirmaram mostrar uma inclinação para decidir a favor de interesses corporativos e contra o que chamaram de "cidadão comum".

Os atuais opositores do governo expressaram frustração com a recusa de Gorsuch de responder quando questionado se decisões históricas da Suprema Corte a favor do aborto, do controle de natalidade e dos direitos dos gays foram acertadas.

    Ativistas conservadores disseram ter identificado 10 possíveis "sim" para Gorsuch entre democratas que buscam a reeleição no ano que vem em Estados nos quais Trump venceu a eleição presidencial.

O senador democrata Bob Casey, que tentará renovar seu mandato na Pensilvânia, anunciou nesta quinta-feira que irá votar contra Gorsuch e defender o filibuster.