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Ex-dona de local de nascimento de Hitler luta em tribunal contra desapropriação

22/06/2017 21h02

Por Kirsti Knolle

VIENA (Reuters) - A desapropriação do local de nascimento de Adolf Hitler pelo governo da Áustria é inconstitucional e não é a única maneira de parar que o lugar seja uma atração para neonazistas, disse a um tribunal nesta quinta-feira um advogado da ex-proprietária do local.

Gerlinde Pommer-Angloher entrou com um processo no tribunal constitucional em janeiro, buscando anulação de uma lei que permitiu ao Estado tomar a casa de três andares em Braunau am Inn, na fronteira da Áustria com a Alemanha.

    O Estado tomou posse da casa sob uma medida de compra compulsória após uma votação no Parlamento, dizendo querer parar que o local se torne um templo de visitas para neonazistas.

    O fato de a casa ainda ser ponto de encontro para neonazistas mais de 70 anos após a Segunda Guerra Mundial não tem nada a ver com sua ex-proprietária, disse o advogado de Pommer-Angloher, Gerhard Lebitsch, em audiência no tribunal nesta quinta-feira.

    “A sra. Pommer-Angloher sempre teve um interesse no uso neutro da casa”, disse Lebitsch. “Ela pensa que nada é alcançado com a desapropriação.”

    Em vez disto, a polícia, serviços da segurança e o judiciário podem fazer um trabalho melhor para evitar que a casa se torne local de interesse para turismo neonazista, disse o advogado.

    O governo da Áustria diz que a desapropriação foi a única maneira de terminar uma longa disputa com Pommer-Angloher. Aposentada e sem filhos, ela recusou ofertas anteriores do Estado para comprar a casa.

    Hitler, que comandou a Alemanha nazista em uma guerra mundial que deixou mais de 50 milhões de mortos, nasceu na casa em 1889.

    Os avós de Pommer-Angloher compraram a casa em 1913, mas foram forçados a vendê-la em 1938. Após a guerra, sua mãe comprou a casa de volta.

    O Ministério do Interior alugava o prédio desde 1972, mas por conta da disputa, a casa tem permanecido vazia nos anos recentes.

    Hermann Feiner, um representante do Ministério do Interior, disse ao tribunal que a Áustria precisa se ater a suas responsabilidades históricas.

    “Esta não é qualquer propriedade. É aqui que a pessoa que nasceu... cometeu o maior crime da história da humanidade”, disse Feiner.

    A Áustria planeja reformar a casa e transformá-la em um centro para pessoas com dificuldades de aprendizagem, em uma tentativa de quebrar sua ligação histórica com a ideologia de Hitler.

Um veredicto no caso é esperado para o início do mês que vem.