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Janot denuncia Jucá na Zelotes e senador vê "despedida" do procurador-geral

21/08/2017 20h32

SÃO PAULO (Reuters) - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou nesta segunda-feira o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ao Supremo Tribunal Federal (STF) na operação Zelotes e o advogado do parlamentar, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, disse estar "perplexo" com a decisão.

A Zelotes investiga irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e em medidas provisórias editadas pelo governo federal e aprovadas pelo Congresso. O caso tramita sob segredo de Justiça.

Kakay afirmou que não há qualquer indício de irregularidade apontado no inquérito que gerou a denúncia apresentada nesta segunda por Janot e afirmou que a apresentação da peça acusatória pode estar relacionada à promessa do procurador "de usar suas flechas até o final do mandato".

O mandato de Janot à frente da Procuradoria-Geral da República termina em 17 de setembro. Jucá é alvo de outros inquéritos no Supremo, como alguns ligados à operação Lava Jato.

"Eu acompanho esse inquérito desde o início. Não tem qualquer indício, não tem nada", disse Kakay à Reuters por telefone. "Acho lamentável isso."

Jucá, por sua vez, disse estar "muito tranquilo em relação a qualquer denúncia" e ainda aproveitou para alfinetar Janot. "Encaro isso como uma despedida do procurador-geral."

A acusação envolve suposto favorecimento concedido por Jucá ao grupo siderúrgico Gerdau por meio de medida provisória em troca de doações.

Procurada, a Gerdau afirmou por meio de comunicado que não teve acesso ao conteúdo da denúncia da PGR. A companhia "participou, de forma legítima e em conformidade com a legislação brasileira, de discussões sobre o tema, lideradas por entidades de classe e em conjunto com outras empresas de atuação internacional", disse a Gerdau em referência à Medida Provisória 627 de 2013, que tratou de bitributação de lucros no exterior.

A empresa acrescentou que "que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos" e que está à disposição das autoridades para esclarecimentos.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello, em Brasília, e Eduardo Simões e Alberto Alerigi Jr, em São Paulo)