Confrontos entre opositores e polícia afetam repetição de eleição no Quênia
Por Maggie Fick
KISUMU, Quênia (Reuters) - Apoiadores da oposição do Quênia entraram em confronto com a polícia e colocaram fogo em barricadas montadas nas ruas, nesta quinta-feira, para contestar a repetição de uma eleição que deve reconduzir Uhuru Kenyatta à Presidência da principal potência econômica e política do leste da África.
Em Kisumu, cidade do oeste do país, jovens que atenderam a um pedido de boicote dos eleitores feito pelo líder opositor Raila Odinga atiraram pedras e foram recebidos com tiros de munição real, gás lacrimogêneo e canhões de água.
Um manifestante morreu e três ficaram feridos, segundo uma enfermeira local. A Reuters não encontrou nenhuma zona eleitoral aberta.
Batalhões de choque patrulhavam Kibera e Mathare, duas favelas de Nairóbi, e de manhã cedo manifestantes atearam incêndios em Kibera. Quase 50 pessoas foram mortas por forças de segurança desde a votação original de agosto, que Kenyatta venceu, mas que foi anulada pela Suprema Corte devido a irregularidades processuais.
A eleição está sendo acompanhada atentamente em todo o leste da África, que conta com o Quênia como polo comercial e logístico, e no Ocidente, que considera Nairóbi um anteparo contra a militância islâmica da Somália e os conflitos civis no Sudão do Sul e Burundi.
Embora tenham surgido tensões em alguns bastiões da oposição, em outras áreas a situação estava calma.
O ministro do Interior, Fred Matiang'i, disse à Citizen TV que as zonas eleitorais abriram em quase 90 por cento do país, incluindo Kiambu, onde Kenyatta votou.
"Estamos solicitando a eles (eleitores) humildemente que compareçam em grandes números", disse Kenyatta depois de depositar seu voto. "Estamos cansados, como país, de campanhas eleitorais, e acho que é hora de seguir em frente".
Se alguns condados não conseguirem realizar eleições pode haver contestações legais à reprise eleitoral e uma instabilidade de longo prazo na nação, já dividida por conflitos étnicos profundos.
Na quarta-feira, a Suprema Corte deveria julgar um pedido de adiamento da votação, mas não conseguiu se reunir porque cinco dos sete juízes não compareceram.
"A falta de quorum é altamente incomum para uma audiência da Suprema Corte e despertou sérias dúvidas entre os acionistas quenianos, inclusive sobre uma possível interferência política", disse um comunicado da União Europeia.
(Reportagem adicional de Katharine Houreld, Duncan Miriri, David Lewis e John Ndiso em Nairóbi e Joseph Akwiri em Mombaça)
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