Em missa pela África, papa Francisco denuncia assassinato de mulheres e crianças
Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco denunciou nesta quinta-feira o assassinato de mulheres e crianças inocentes como a “face horrível” da guerra, conforme celebrava uma missa especial pela paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo.
Francisco havia planejado viajar ainda este ano ao Sudão do Sul, que tem sido atingido por uma guerra civil, fome e uma crise de refugiados, mas teve que descartar o projeto por razões de segurança.
Durante a missa, que foi pontuada por cantos africanos em inglês, francês, italiano e suaíli, Francisco pediu para Deus “derrubar os muros da hostilidade que hoje dividem irmãos e irmãs, especialmente no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo”.
“Que Ele proteja crianças que sofrem de conflitos pelos quais não têm culpa, mas que roubam suas infâncias e às vezes suas vidas”, disse em breve sermão.
“O quão hipócrita é negar o assassinato em massa de mulheres e crianças! Aqui a guerra mostra sua face mais horrível”, disse.
A Basílica de São Pedro foi decorada com fotografias de crianças africanas.
O Sudão do Sul conquistou independência do Sudão em 2011 após prolongado conflito, mas entrou em uma guerra civil no final de 2013, com tropas leais ao presidente Salva Kiir enfrentando tropas apoiadoras de Riek Machar, um ex-vice-presidente demitido por Kiir.
Ambos lados atacaram civis, segundo grupos de direitos humanos.
“No momento, estamos seguindo para a estação improdutiva, e até julho de 2018 muitos milhares de pessoas pelo Sudão do Sul --não só em bolsões isolados no país-- estarão morrendo de fome”, disse Jerry Farrell, representante nacional do Sudão do Sul no Serviço Católico de Auxílio.
“O que é mais trágico é que absolutamente não deveria haver fome no Sudão do Sul”, disse em e-mail, acrescentando que pessoas de diferentes tribos se casam e trabalham juntas, mas que o conflito é instigado por políticos.
Na República Democrática do Congo, dezenas de pessoas morreram em protestos contra a negativa do presidente Joseph Kabila em renunciar ao final de seu mandato constitucional, em dezembro do ano passado.
Agitações geradas pela incerteza ao redor de pesquisas de opinião levantaram temores de que o Congo pode testemunhar uma repetição da violência que matou milhões por volta da virada do último século, a maioria de fome e doenças.
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