Turquia diz que EUA estão isolados em reconhecimento de Jerusalém e recorrem a ameaças
Por Tulay Karadeniz e Ece Toksabay
ANCARA (Reuters) - A Turquia disse nesta quarta-feira que os Estados Unidos se isolaram ao reconhecerem Jerusalém como capital de Israel e acusou a potência de ameaçar países que podem votar contra sua decisão em uma sessão de emergência da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, cujo país vem liderando a oposição muçulmana à conduta de Washington no tocante a Jerusalém, falou antes de partir de Istambul com o chanceler palestino para comparecer à sessão de quinta-feira em Nova York. Com a decisão de 6 de dezembro, o presidente Donald Trump reverteu décadas de política externa dos EUA e abalou um consenso internacional, entronizado em resoluções da ONU, que tratava o status de Jerusalém como indefinido. Os israelenses capturaram Jerusalém Oriental na Guerra dos Seis Dias de 1967, e os palestinos a querem como capital do futuro Estado que buscam. A ação de Trump provocou revolta nos palestinos e no mundo árabe e preocupação entre os aliados ocidentais de Washington. Na segunda-feira os EUA vetaram um esboço de resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia que os norte-americanos voltassem atrás em sua declaração. Os outros 14 membros do conselho, inclusive aliados próximos dos EUA, como o Japão, e quatro países da União Europeia apoiaram o esboço. "Na quinta-feira haverá uma votação criticando nossa escolha", disse a embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, no Twitter. "Os EUA anotarão os nomes". Cavusoglu viu o comentário como uma ameaça, e pediu que Washington – aliada da Turquia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – mude de rumo.
"Esperamos um grande apoio na votação na ONU, mas vemos que os Estados Unidos, que ficaram sozinhos, agora estão recorrendo a ameaças. Nenhum país honrado e digno se curvaria a esta pressão", disse Cavusoglu em uma coletiva de imprensa realizada ao lado de seu colega palestino, Riyad al-Maliki.
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