Cuba adia transferência de poder histórica de Raúl Castro para novo presidente
Por Nelson Acosta e Sarah Marsh
HAVANA (Reuters) - O Parlamento de Cuba ampliou seu mandato legislativo em dois meses nesta quinta-feira, estendendo-o até abril e adiando a transferência de poder histórica de Raúl Castro para um novo presidente, noticiou a mídia estatal.
A Assembleia Nacional, que se reúne duas vezes por ano, atribuiu o adiamento ao caos provocado em setembro pelo furacão Irma, que varreu a ilha comunista arrancando telhados, desenraizando árvores e alagando áreas litorâneas baixas. Alguns observadores de Cuba acreditam que ele se deve mais à preocupação de garantir a estabilidade na transferência dos líderes da revolução de 1959, que depuseram um ditador apoiado pelos Estados Unidos, para uma nova geração.
Raúl e seu irmão mais velho, o já falecido Fidel, comandaram o país durante quase 60 anos. O herdeiro provável, primeiro vice-presidente Miguel Díaz-Canel, nasceu um ano após a revolução e tem um perfil público muito mais discreto. Cuba já havia adiado em um mês as eleições municipais planejadas originalmente para outubro devido ao Irma, que o ministro da Economia, Ricardo Cabrisas, disse na sexta-feira ter causado danos equivalentes a 13,2 bilhões de dólares. É tradição Cuba avaliar os estragos de desastres naturais em dólares com base na suposição de que um peso é igual a um dólar. Existem muitas outras taxas de câmbio oficiais na ilha que avaliam o peso muito abaixo disso. A transição política ocorre no momento em que Cuba enfrenta uma série de outros desafios, da redução da ajuda de sua aliada socialista Venezuela à reversão parcial da reaproximação Cuba-EUA e ao endurecimento do embargo de décadas determinados pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Mas o crescimento no turismo, transporte, comunicações, agricultura e construção proporcionou uma expansão de 1,6 por cento neste ano, disse Cabrisas ao Parlamento. O número de turistas que visitaram a maior ilha do Caribe cresceu 19,7 por cento, chegando a 4,3 milhões, nos 11 primeiros meses do ano, disse o ministro do Turismo, Manuel Marrero, à legislatura nesta semana. Segundo Cabrisas, o governo prevê que a economia crescerá cerca de 2 por cento no ano que vem. (Reportagem adicional de Marc Frank)
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