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Presidente do Peru evita destituição graças a divisão entre opositores no Congresso

22/12/2017 09h33

Por Mitra Taj e Marco Aquino

LIMA (Reuters) - O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, frustrou uma tentativa do Congresso de destituí-lo por conta de um escândalo de corrupção, e um parlamentar da oposição o acusou de garantir votos ao prometer libertar o ex-presidente Alberto Fujimori da prisão.

Antes da votação na noite de quinta-feira de uma moção para tirá-lo do cargo, Kuczynski fez um apelo aos parlamentares para deixar de lado acusações não comprovadas de corrupção contra ele para defender o Peru do que chamou de uma tentativa de golpe por parte do partido de direita Força Popular.

A legenda Força Popular surgiu do movimento populista iniciado na década de 1990 por Fujimori, que agora está cumprindo uma pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra os direitos humanos.

O governo de Kuczynski havia negado que um perdão ao ex-presidente faria parte das negociações políticas. Entretanto, a parlamentar do Força Popular Cecilia Chacón disse a repórteres que o governo prometeu a uma facção de seu partido que Fujimori seria perdoado se os políticos apoiassem Kuczynski.

A maioria dos membros da Força Popular, liderada por KeikoFujimori, filha do ex-presidente, pretendia afastar Kuczynski por "incapacidade moral" para governar depois de descobrir laços comerciais que ele teve no passado com a empreiteira brasileira Odebrecht, que está no cerne do maior escândalo de corrupção da região.

Mas o partido, que na semana passada reuniu 93 votos e deu início aos trâmites, não conseguiu os 87 votos necessários para aprovar a moção devido às 10 abstenções da Força Popular.

A votação encerrou uma semana de tumulto político em uma das economias mais estáveis e robustas da América Latina e a segunda maior produtora de cobre do mundo.

Imagens de televisão mostraram Kuczynski, ex-banqueiro de Wall Street de 79 anos, dançando em meio a apoiadores entusiasmados diante de sua casa, situada no bairro financeiro de Lima.

"Amanhã um novo capítulo de nossa história começa: a reconciliação e a reconstrução de nosso país", tuitou.

Mas os problemas políticos de Kuczynski podem não ter acabado. A Força Popular prometeu continuar investigando os depósitos de 4,8 milhões de dólares pagos pela Odebrecht a consultorias de propriedade de Kuczynski ou a um associado próximo do presidente durante uma década a partir de 2004.

Em uma ocasião Kuczynski negou ter qualquer ligação profissional com a construtora e desde então disse que não está a par das transações, mas que não há nada de irregular a seu respeito.