Economia britânica ficará pior em três cenários do Brexit, aponta levantamento do governo que vazou
LONDRES (Reuters) - A economia do Reino Unido ficará pior depois da saída britânica da União Europeia, quer o país se desligue do bloco com um acordo de livre comércio, com acesso ao mercado comum ou sem nenhum acordo, segundo uma análise que vazou nesta terça-feira, respaldando a visão de que o governo está mal preparado para o chamado Brexit.
O estudo "Análise da Saída da UE – Memorando Cross Whitehall", datado de janeiro de 2018, é mais um golpe para a primeira-ministra britânica, Theresa May, que vem sendo criticada por carecer de liderança e de uma estratégia clara para o Brexit enquanto negocia o rompimento com a UE.
Um porta-voz da premiê disse que o documento revelado pelo site BuzzFeed News é só um avaliação inicial que não levou em conta o objetivo preferido do governo -- um relacionamento futuro sob medida com a UE após a desfiliação.
O porta-voz afirmou que o trabalho "parcial" foi finalizado pelo Ministério do Brexit, mas Steve Baker, um funcionário de segundo escalão do departamento, rejeitou pedidos para que o governo divulgue seu relatório sobre o impacto total dizendo que este ainda não está pronto e pedindo que os parlamentares sejam cautelosos porque se provou o equívoco da análise em questão.
"Ele está lá para testar ideias", disse Baker ao Parlamento.
Mas enquanto Londres tentava se distanciar do documento argumentando que ele é só uma parte de uma análise abrangente e em desenvolvimento sobre o Brexit, parlamentares da oposição, e até alguns do governista Partido Conservador, expressaram insatisfação.
"Não é bom o suficiente", disse Keir Starmer, assessor de políticas para o Brexit do Partido Trabalhista, de oposição. "Agora se está empilhando absurdo em cima de absurdo".
O documento vazado voltou a aprofundar as divisões já existentes no Parlamento sobre o Brexit, e apoiadores da desfiliação estão acusando defensores da UE de tentarem minar o governo em suas negociações para desfazer os mais de 40 anos de laços com o bloco.
May está no centro da disputa por influência para moldar a relação futura do Reino Unido com a UE, e seu desejo de uma relação sob medida com a UE que inclua serviços financeiros lucrativos está sendo questionada por autoridades do bloco.
A análise vazada dá a entender que, se o Reino Unido concordar com um acordo de livre comércio abrangente com a UE, o crescimento ao longo dos próximos 15 anos ficará 5 por cento abaixo das previsões atuais.
No caso de uma saída sem acordo, o que voltaria a sujeitar o Reino Unido às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), o crescimento britânico seria reduzido em 8 por cento no mesmo período.
(Por Kanishka Singh em Bengaluru, Guy Faulconbridge, Elizabeth Piper, Andrew MacAskill, Kate Holton e Elisabeth O'Leary, em Londres)
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