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Ataque aéreo mata família síria de 9 pessoas em Ghouta Oriental

Tom Perry

Em Beirute

26/02/2018 10h15

Uma família de nove pessoas foi morta por um bombardeio do governo da Síria realizado de domingo para segunda-feira no enclave rebelde de Ghouta Oriental, onde ataques aéreos e combates persistem apesar de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU exigindo um cessar-fogo, informou um grupo de monitoramento da guerra.

Na noite de domingo, autoridades de saúde de Ghouta Oriental, controlada pela oposição, disseram que várias pessoas mostraram sintomas condizentes com a exposição ao gás de cloro depois de uma explosão, e que uma criança morreu.

"Ghouta Oriental não pode esperar, passou da hora de acabar com este inferno na Terra", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, ao Conselho de Direitos Humanos da entidade em Genebra, pedindo a implantação do cessar-fogo de 30 dias pleiteado pelo Conselho de Segurança.

O presidente sírio, Bashar al-Assad, que tem apoio da Rússia e do Irã, vem reconquistando gradualmente áreas onde seus opositores se insurgiram contra seu governo em 2011. Ghouta Oriental é o último grande bastião rebelde próximo de Damasco, a sede de seu poder.

O bombardeio de Ghouta Oriental ao longo da semana passada foi um dos mais violentos da guerra síria de sete anos, matando ao menos 522 pessoas em sete dias, de acordo com um saldo compilado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos, grupo de monitoramento sediado no Reino Unido.

O Observatório disse que dois corpos foram retirados dos escombros de uma casa destruída em Douma, cidade de Ghouta Oriental, e que sete membros da mesma família estão mortos sob os destroços.

O Conselho de Segurança da ONU, que inclui a Rússia, aprovou a resolução que pede a trégua de 30 dias no sábado. A intensidade do bombardeio diminuiu desde então, mas mesmo assim matou uma dúzia de pessoas, segundo o Observatório.

As bombas dos rebeldes deixaram 36 mortos e vários feridos em Damasco e em áreas rurais vizinhas nos últimos quatro dias, disse Zaher Hajjo, autoridade de saúde do governo, à Reuters.

Em Ghouta Oriental, os moradores aproveitaram o relaxamento relativo no bombardeio para procurar provisões, contou Moayad Hafi, agente de resgate que atua no local.

"O bombardeio é menor em relação aos últimos dias. Os civis correram de seus abrigos para conseguir comida e voltaram rápido, já que os aviões de guerra ainda estão no céu e podem atacar a qualquer momento", disse ele à Reuters por mensagem de voz.

(Reportagem adicional de Angus McDowall e Dahlia Nehme em Beirute e Stephanie Nebehay em Genebra)