Operadora de linhão de Belo Monte cita "mau funcionamento" em equipamento como causa de apagão
SÃO PAULO (Reuters) - A Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), responsável pelo linhão entre a hidrelétrica de mesmo nome e o sistema nacional, afirmou que o "mau funcionamento" de um equipamento relacionado ao recebimento de energia da usina foi a provável causa do grande apagão de quarta-feira.
O blecaute teve início por volta das 15h40 e afetou todo o país, com os efeitos sendo sentidos principalmente por consumidores das regiões Norte e Nordeste.
Em nota à Reuters, a BMTE, sociedade entre a chinesa State Grid e a estatal Eletrobras, disse que o desligamento ainda está sob "análise técnica".
"Informações preliminares indicam que a causa do desligamento foi o mau funcionamento da proteção do disjuntor da barra que interliga o pátio de 500 kV da Estação Conversora de Xingu ao pátio de 500 kV da Subestação que recebe as linhas de transmissão que trazem energia da usina", explicou a companhia.
"Com a abertura desse disjuntor, houve interrupção do fluxo de energia da usina para a estação conversora, o que foi detectado pelo sistema de proteção da conversora e seu correspondente desligamento geral", afirmou a BMTE, acrescentando que "não houve qualquer defeito" nas linhas de transmissão nem nas duas estações conversoras.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) já havia registrado no final de janeiro um blecaute com impactos em todas as regiões devido a um "desligamento automático" no linhão de Belo Monte, um empreendimento que utiliza uma tecnologia de ultra-alta tensão até então inédita no país.
O apagão de quarta-feira provocou o desligamento de 25 por cento da carga de energia do sistema interligado brasileiro, segundo o ONS. Todos os Estados da região Nordeste ficaram sem energia, e na região Norte houve desligamento de consumidores em Manaus (AM), Macapá (AP), Palmas (TO) e Belém (PA). Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste as cargas foram interrompidas por cerca de 20 minutos, disse o ONS.
"A determinação das causas da perturbação exige a análise de uma grande quantidade de informações e já está em curso", disse o ONS, acrescentando que será realizada uma reunião com as empresas envolvidas na segunda-feira para a elaboração do relatório de análise do problema.
(Por Luciano Costa, com reportagem adicional de Rodrigo Viga, no Rio de Janeiro; Texto de José Roberto Gomes; Edição de Raquel Stenzel)
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