Tarifa de ônibus em SP será de R$ 5 a partir de janeiro

A Prefeitura de São Paulo informou, nesta quinta-feira (26), que o valor da tarifa de ônibus será reajustado para R$ 5 a partir de 6 de janeiro. Na mesma data, a tarifa de trens e metrô subirá para R$ 5,20.

O que aconteceu

Aumento será de 13,6%. A prefeitura defende que o valor ficou abaixo do índice de 32% de inflação acumulada desde a última mudança, em janeiro de 2020. "Caso a tarifa considerasse a recomposição da inflação, passaria dos R$ 4,40 para no mínimo R$ 5,84", informou a administração municipal em nota.

Recarga do bilhete único sem reajuste pode ser feita até o dia 5 de janeiro (domingo). Os créditos adquiridos até as 23h59 dessa data no valor de R$ 4,40 têm validade de 180 dias. Após esse prazo, passa-se a debitar o valor de R$ 5. A prefeitura informou ainda que as gratuidades existentes estão mantidas, bem como a integração entre até quatro ônibus em um período de três horas.

Prefeitura diz que a cidade "tem tarifa mais acessível entre as cidades da região metropolitana" e "uma das mais baratas do país". Contudo, segundo estudos da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e da CNT (Confederação Nacional do Transporte), São Paulo aparece em 9º lugar no ranking de capitais com a tarifa mais alta do país. Curitiba, Florianópolis e Porto Velho têm as tarifas mais elevadas (R$ 6).

Custo do sistema aumentou, diz SPTrans

Custo do sistema aumentou de R$ 8,7 bilhões em 2019 para R$ 11,3 bilhões em 20204. "Para ter uma ideia, o diesel deu 57% de reajuste enquanto a inflação geral desse período deu 33% de reajuste", disse Andréa Compri, superintendente da SPTrans, empresa que administra o transporte público municipal. "Carros com ar-condicionado foram incluídos na frota".

SPTrans afirma que houve redução de passageiros pagantes. Segundo a empresa, em 2019, eram 52% de pagantes, 23% de gratuidades e 25% de integração entre ônibus sem acréscimo tarifário. Em 2024, os passageiros pagantes equivalem a 50%, as gratuidades chegam a 28% e os ônibus sem acréscimo tarifário chegam a 22%. "Se consolida a gratuidade, mais o 'domingão de tarifa zero'", afirmou Andrea.

Também houve queda no número total de passageiros. Dados da SPTrans mostram que, em 2016, eram 9,65 milhões de passageiros por dia útil. Em 2024, foram 7,13 milhões de passageiros.

A receita tarifária era de R$ 5,5 bilhões em 2019; em 2024, caiu para R$ 4,6 bilhões. Segundo a superintendente, hoje o custo total do sistema de transporte é de mais de R$ 1 bilhão por mês, sendo R$ 11,86 por passageiro equivalente [aquele que traz a receita sem utilizar subsídio].

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Média de custo entre passageiros pagantes e não pagantes é de R$ 7,62, diz SPTrans. "Esse valor equivale ao valor real da tarifa se todos os passageiros pagassem", diz Andrea. O UOL procurou a Prefeitura de São Paulo e aguarda um posicionamento.

Críticas ao aumento

O aumento da tarifa gerou críticas por parte dos membros do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte. "Como a SPTrans aumenta a tarifa de ônibus sendo que o serviço está sendo mal prestado há anos? Ela está beneficiando as empresas pelo serviço ruim, vocês estão punindo a população por um serviço que não está sendo bem executado", disse Souza, morador da zona leste e representante do bairro Cidade Tiradentes

Conselho se reuniu na manhã desta quinta e posicionou de forma contrária ao reajuste da tarifa. Na reunião, que contou 75 participantes e durou duas horas e meia, houve o anúncio de projeção de aumento: hipótese mínima apresentada foi a R$ 5 e a hipótese máxima, de R$ 5,20, com reajuste de 18,2%.

Representando o movimento Minha Sampa, Clareana Cunha cobrou a presença do secretário dos Transportes e do prefeito Ricardo Nunes no conselho. "Quero saber quanto exatamente vai ser o valor do aumento", disse ela. "São Paulo está vivendo um colapso no sistema de mobilidade."

Ela disse ainda que a discussão no conselho deveria ser por um projeto de tarifa zero. "A prefeitura continua pagando mais num sistema muito ruim. Significa que estamos colocando o aumento da tarifa como única solução para resolver o sistema de transporte, fazendo a população pagar mais caro e prejudicando quem é da periferia", disse ela. "A discussão não deveria ser sobre o aumento de tarifa, mas sobre um projeto de tarifa zero que funcione mesmo."

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Oposição questiona aumento

Vereadores eleitos entram com ação contra o aumento da passagem. Amanda Paschoal (PSOL) e Nabil Bonduki (PT) questionaram na Justiça a legalidade da reunião do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito que deliberou sobre a proposta do reajuste da passagem

Os vereadores alegam que o conselho descumpriu decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 2019, a corte determinou que toda proposta de aumento da tarifa de ônibus deveria ser apresentada no referido conselho — para os vereadores, não foi apresentada uma proposta concreta, e sim "possibilidades de valores".

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