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China e Alemanha prometem reforçar laços comerciais à sombra de ameaças de Trump

24/05/2018 08h40

Por Andreas Rinke e Ben Blanchard

PEQUIM (Reuters) - A China acolhe empresas alemãs e protegerá seus investimentos, disse o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, nesta quinta-feira, depois de receber a chanceler Angela Merkel, que disse que a Alemanha também apoia o investimento chinês em seu país.

Merkel enfrentará um desafio diplomático em sua visita de dois dias à China, já que estará ofuscada pelas ameaças comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por sua decisão de retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã.

Alemanha e China, duas nações exportadoras que detêm grandes superávits comerciais com os EUA, se viram na linha de tiro de Trump e correm para preservar a ordem comercial multilateral que sustenta sua prosperidade.

Se os anfitriões de Merkel podem estar determinados a enviar a Washington uma mensagem de solidariedade total com Berlim, autoridades alemãs insinuaram que Merkel deve evitar a impressão de estar se alinhando muito abertamente a Pequim em um confronto com um aliado de longa data da Alemanha.

Em uma coletiva de imprensa conjunta com Merkel no Grande Salão do Povo em Pequim, Li disse que tanto a China quanto a Alemanha advogam o livre comércio global, e enfatizou o enorme potencial de cooperação entre ambos. 

Embora os dois países tenham problemas, eles podem ser superados, e uma cooperação crescente é boa para a Europa e o mundo, disse o premiê.

"A porta da China está aberta. Pode-se dizer que se abrirá ainda mais", afirmou ao lado da chanceler.

A China saúda o investimento de montadoras alemãs de veículos autônomos em seu território, disse Li, ressaltando que sua nação já reduziu as exigências para a entrada de novos veículos elétricos.

Os dois países precisam fortalecer o investimento bilateral de maneira aberta e inclusiva, disse.

"Se eles se depararem com qualquer problema durante o investimento, especialmente no tocante a proteções legais, posso dizer a vocês claramente que a China está avançando para ser um país sob o império da lei", afirmou Li.

A China protegerá seus interesses de acordo com a lei chinesa e ajustará suas regras conforme necessário, acrescentou, mas sem detalhar.

Merkel louvou o fato de a China ter anunciado recentemente que abrirá ainda mais seu setor financeiro à participação estrangeira e reduzirá a exigência de parcerias em setores com o automotivo, uma das principais frentes do investimento alemão na segunda maior economia do mundo.

(Reportagem adicional de Michael Martina)