Advogado de Mianmar diz que provas encontradas em celulares de repórteres da Reuters podem estar "corrompidas"
Por Shoon Naing e Yimou Lee
YANGON (Reuters) - Provas que a polícia de Mianmar diz ter obtido nos celulares de dois repórteres da Reuters acusados de possuírem documentos secretos podem estar "corrompidas", disse um advogado de defesa nesta terça-feira, porque ao menos um telefone foi usado depois de ter sido confiscado.
Uma mensagem de WhatsApp foi enviada do celular do jornalista Wa Lone depois que ele e seu colega da Reuters, Kyaw Soe Oo, foram presos em 12 de dezembro e mantidos incomunicáveis pela suspeita de terem violado a Lei de Segredos Oficiais, disse a defesa ao tribunal.
O major Aung Kyaw San, testemunha da acusação que disse que ele e outros policiais examinaram os telefones, afirmou à corte que não está ciente da conversa por WhatsApp e que não sabe quem mais usou os celulares antes de sua entrega aos investigadores no dia 14 de dezembro.
No que se tornou um caso emblemático sobre a liberdade de imprensa, a corte de Yangon vem realizando audiências desde janeiro para decidir se os repórteres Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, serão acusados sob a Lei de Segredos Oficiais, que acarreta uma pena máxima de 14 anos de prisão.
O advogado de defesa Than Zaw Aung disse que a mensagem de texto de uma palavra --"OK"-- foi enviada via WhatsApp em resposta a uma pergunta do chefe da redação da Reuters em Mianmar perto das 22h --portanto depois que o telefone de Wa Lone foi apreendido pela polícia, pouco depois de os dois repórteres serem presos aproximadamente às 21h10.
"Isso significa que qualquer um poderia ter acesso aos telefones, então qualquer coisa podia acontecer com os telefone", disse um segundo advogado de defesa, Khin Maung Zaw, à Reuters depois dos procedimentos desta terça-feira.
"Todas essas mensagens que eles disseram ter sido encontradas nos telefones podem não ser genuínas, ou os telefones podem estar corrompidos."
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