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Ainda há "vários anos" de emprego forte e inflação baixa à frente, diz Powell do Fed

17/07/2018 11h36

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que, descontando o risco de uma guerra comercial tirar a recuperação global do caminho, a economia está à beira de "vários anos" numa posição em que o mercado de trabalho continua forte e a inflação fica ao redor da meta de 2 por cento do Fed.

Em um testemunho escrito ao Comitê Bancário do Senado nesta terça-feira, o chair do Fed sinalizou não apenas que acredita que a economia está indo bem, mas que uma era de crescimento estável pode continuar desde que o Fed acerte em suas decisões de política.

"Com uma política monetária apropriada, o mercado de trabalho permanecerá forte e a inflação ficará próxima dos 2 por cento nos próximos anos", disse Powell em uma das mais fortes afirmações de que o Fed está ao alcance de suas metas mais de uma década depois que os Estados Unidos suportaram uma profunda crise financeira e recessão.

O Fed "acredita que - por enquanto - o melhor caminho é continuar elevando gradualmente a taxa de juros" de forma a acompanhar o fortalecimento da economia, mas não subi-la tão alto ou tão rápido de modo que isso enfraqueça o crescimento, disse.

Ele não abordou suas opiniões sobre o ritmo apropriado de aperto ou se acha, como alguns de seus colegas argumentaram, que o Fed deveria pausar seu ciclo de aumento da taxa de juros em algum momento do próximo ano se a inflação continuar sob controle. A expectativa é que o BC norte-americano aumente as taxas mais duas vezes este ano, a partir do nível atual de entre 1,75 e 2 por cento.

Powell vai responder às perguntas dos senadores nesta manhã depois de apresentar seu testemunho por escrito. Além disso, vai comparecer diante de um comitê da Câmara na quarta-feira.

Em comentários recentes, Powell e outras autoridades do Fed se recusaram a declarar "vitória" em seus esforços para atingir a meta de inflação de 2 por cento, embora a maioria tenha reconhecido que, com o desemprego em 4 por cento, sua meta de emprego foi atingida.

Mas a medida preferencial de inflação do Fed atingiu 2,3 por cento em maio, e chegou precisamente a 2 por cento depois de excluídos preços mais voláteis de alimentos e energia.

A inflação está "próxima" da meta do Fed e "os dados recentes são encorajadores", disse Powell ao descrever as razões pelas quais ele acha que a expansão de quase uma década dos Estados Unidos deve continuar.

As taxas de juros ainda baixas, um sistema financeiro estável, o crescimento global contínuo e o impulso dos recentes cortes de impostos e do aumento dos gastos federais "continuam a apoiar a expansão", disse Powell.

Depois de um sólido começo de ano, o crescimento parece ter acelerado à medida que "ganhos robustos de emprego, aumento da renda depois de impostos e otimismo entre as famílias aumentaram os gastos dos consumidores nos últimos meses. O investimento das empresas continuou crescendo a um ritmo saudável", disse Powell.

Powell concordou com a incerteza em torno das políticas comerciais do governo Trump, que organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiram que poderiam conter o crescimento global se as rodadas de tarifas e retaliações de outros países aumentassem os preços, diminuíssem a demanda e interrompessem as cadeias globais de fornecimento.

Mas "é difícil prever o resultado final das discussões atuais sobre a política comercial", disse ele. No geral, os riscos para a economia foram "mais ou menos equilibrados", com o "caminho mais provável para a economia" sendo o de ganhos contínuos com emprego, inflação moderada e crescimento constante.