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Movimento #MeToo ganha força na China com acusações de agressão sexual contra figuras públicas

27/07/2018 10h36

Por Pei Li e Ryan Woo

PEQUIM (Reuters) - Acusações de agressão sexual se espalharam pelas redes sociais da China nesta semana, à medida que o movimento #MeToo visou ativistas, intelectuais destacados e uma personalidade da televisão.

Em um país no qual questões como agressões sexuais sempre são varridas para baixo do tapete, o incipiente movimento #MeToo chinês indica uma mudança de mentalidade na geração mais jovem.

Os milhões de usuários das redes sociais da China também vêm fazendo com que qualquer notícia, escândalo ou queixa se espalhe rapidamente. A disseminação de acusações contra figuras chinesas de renome representa um desafio para o governo, que vem censurando parte das postagens.

As acusações provocaram um debate virtual acalorado sobre má conduta sexual e o que constitui sexo consensual ou estupro.

Nesta sexta-feira, "coleta de provas de agressão sexual" foi o segundo tópico mais popular na rede social chinesa Sina Weibo.

Nesta semana 20 mulheres já vieram a público com alegações de má conduta sexual, desencadeadas por uma acusação feita na segunda-feira que abalou uma organização não governamental.

Lei Chuang, fundador do Yi You, uma instituição de caridade privada, confessou em um comunicado online uma acusação de agressão sexual. Ele deixou a organização depois da confissão.

Três outros ativistas foram implicados em outras acusações de má conduta sexual durante a semana.

A alegação de agressão sexual de mair destaque veio de uma funcionária do ramo jurídica que usa o pseudônimo Little Spirit. A jovem de 27 anos disse que Zhang Wen --jornalista veterano e comentarista político na internet-- a estuprou depois de um banquete em maio, o que levou seis outras mulheres a acusá-lo de assédio sexual e toques indesejados.

Zhang negou a alegação de estupro em um comunicado emitido na quarta-feira, dizendo que seu caso com a acusadora foi consensual.

Jiang Fangzhou, escritora proeminente e vice-editora-chefe da revista New Weekly, sediada em Guangdong, disse em sua conta de WeChat que Zhang a apalpou uma vez durante uma refeição.

Na quinta-feira, um acadêmico da Universidade de Comunicação da China em Pequim também foi acusado por um estudante de cometer uma agressão sexual em 2016.

Um ex-professor da mesma escola, conhecida como centro de treinamento de futuras personalidades da TV chinesa, também foi acusado na quinta-feira por um ex-aluno de avanços sexuais indevidos em 2008.

Iniciado nos Estados Unidos, o movimento #MeToo expôs homens acusados de assédios e abusos sexuais em áreas incluindo entretenimento, política e negócios. Dezenas de homens proeminentes se demitiram ou foram demitidos de cargos altos, e a polícia abriu investigações sobre algumas acusações de assédio sexual.