Saída britânica da UE sem acordo criará obstáculos comerciais para empresas
Por Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - Empresas britânicas que negociam com a União Europeia enfrentarão uma grande burocracia, possíveis atrasos na fronteira e transtornos no fluxo de capital se o governo do Reino Unido não conseguir fechar um acordo de separação com Bruxelas antes de deixar o bloco em março de 2019.
Londres publicou uma série de notas instruindo pessoas e empresas a se protegerem das adversidades em potencial de um rompimento "sem acordo" com a UE, do armazenamento de remédios a novos documentos para negociações comerciais.
Faltando pouco mais de sete meses para a separação, marcada para 29 de março, o Reino Unido ainda não firmou um pacto de desfiliação com a UE. O plano da primeira-ministra Theresa May para um acordo "pró-mercado" não impressionou os negociadores em Bruxelas e vem sendo muito criticado em casa.
Apesar disso, os dois lados afirmam estar decididos a fechar um acordo a tempo. O ministro do Brexit, Dominic Raab, disse que quer fazer com que o Reino Unido "fique cada vez mais forte, mesmo no caso improvável de não obtermos um acordo negociado com a União Europeia".
"Acredito que um bom acordo está ao nosso alcance. Isso ainda é nossa maior prioridade, isso ainda é nossa prioridade máxima", disse ele em um discurso que marcou a divulgação dos documentos.
Mas a diretriz do governo deixa claro que as empresas que negociam com a Europa lidarão com novos trâmites para cobrir declarações alfandegárias e de segurança no caso de não haver um pacto, trâmites que hoje não são exigidos.
As companhias também teriam que aplicar as mesmas regras alfandegárias e tributárias para bens circulando entre o Reino Unido e a UE que são aplicadas para bens circulando entre o Reino Unido e um país de fora do bloco. O Imposto sobre Valor Agregado também pode ter que ser pago antecipadamente.
Se Londres deixar a UE em março de 2019 sem um acordo, "a livre circulação de bens entre o Reino Unido e a UE cessará", afirma a diretriz.
No total, cerca de 80 informes técnicos são esperados nas próximas semanas. Eles serão analisados atentamente pela indústria para se saber quão bem preparado o Reino Unido está para um desfecho que, segundo muitos empregadores, será altamente desestabilizador.
(Reportagem adicional da redação de Londres)
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