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Mulher que acusa indicado de Trump à Suprema Corte diz que teve medo de ser estuprada

27/09/2018 12h39

Por Lawrence Hurley e Andrew Chung

WASHINGTON (Reuters) - Uma professora universitária detalhou suas alegações de que Brett Kavanaugh, o indicado à Suprema Corte pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a assediou sexualmente há 36 anos, em um depoimento feito durante audiência no Senado nesta quinta-feira.

As declarações da professora poderão determinar se ele será confirmado ao cargo vitalício, após uma acirrada batalha política.

A audiência, que dividiu norte-americanos e intensificou a polarização política nos Estados Unidos, acontece no cenário do movimento #MeToo, contra assédio e ataques sexuais.

Christine Blasey Ford e Kavanaugh, um juiz conservador de um tribunal federal de apelações escolhido por Trump em julho para um posto vitalício na mais alta corte, são as duas únicas testemunhas agendadas para o Comitê Judiciário. Kavanaugh foi acusado de má conduta sexual por outras duas mulheres também. Ele nega todas as acusações.

"Eu estou aqui hoje não porque eu gostaria de estar. Eu estou apavorada. Eu estou aqui porque eu acredito que seja meu dever cívico contar a vocês o que aconteceu comigo quando Brett Kavanaugh e eu estávamos no ensino médio", disse Ford, lendo de seu depoimento, com a voz carregada de emoção.

Professora de psicologia na Universidade de Palo Alto, na Califórnia, ela disse que um embriagado Kavanaugh a atacou e tentou remover suas roupas em um encontro de adolescentes em Maryland, quando ele tinha 17 anos e ela, 15.

"Brett me apalpou e tentou tirar minhas roupas. Foi difícil para ele porque ele estava embriagado e porque eu estava usando um maiô embaixo da minha roupa. Eu acredito que ele ia me estuprar. Eu tentei gritar por ajuda", disse Christine Blasey Ford, acrescentando que Kavanaugh e um amigo dele estavam "rindo durante o ataque".

A professora disse que quando ela tentou gritar por ajuda, ele colocou sua mão sobre a boca dela. Ela afirmou que conseguiu escapar quando Kavanaugh e um outro garoto que estava no quarto caíram da cama.

O republicano Chuck Grassley, presidente do comitê, disse na abertura da audiência que ele gostaria que fosse "seguro, comfortável e digno para ambas as testemunhas". Ele recriminou o "circo midiático" ao redor das alegações contra Kavanaugh e disse que o indicado e ela tinham passado por algumas semanas terríveis desde que Ford trouxe à tona sua acusação.

"O que eles tiveram que passar deverá ser considerado por todos nós como inaceitável e uma pobre reflexão sobre o estado de civilidade na nossa democracia", disse Grassley. "Então eu quero pedir desculpas a vocês dois pelo modo como foram tratados", acrescentou o republicano.

"Eu lamento o modo como essa audiência ocorre", acrescentou ele, notando que as alegações de Ford surgiram apenas depois que a audiência original de confirmação de Kavanaugh acabou, mais cedo neste mês.

A senadora Dianne Feinstein, principal Democrata no comitê, disse em sua fala de abertura que violência sexual é um sério problema nos Estados Unidos e "um que passa largamente despercebido". Ela agradeceu Ford por ir a público e fez referência ao movimento #MeToo.

(Por Lawrence Hurley, Andrew Chung, Amanda Becker,Richard Cowan, Makini Brice e Susan Heavey)

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447505)) REUTERS MPP