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Explicação de sauditas sobre morte de jornalista "não é suficiente", diz secretário dos EUA

O jornalista Jamal Khashoggi - Hasan Jamali/Arquivo AP
O jornalista Jamal Khashoggi Imagem: Hasan Jamali/Arquivo AP

Em Jerusalém (Israel) e Riad (Arábia Saudita)

21/10/2018 10h57

A explicação da Arábia Saudita sobre a morte do jornalista Jamal  Khashoggi foi um "bom primeiro passo, mas não é o suficiente", disse o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, acrescentando que o momento ainda é prematuro para discutir sanções contra Riad sobre o incidente.

Os comentários de Mnuchin são os mais recentes de integrantes do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que parecem estar determinados a repreender um assassinato que despertou indignação global, tentando ao mesmo tempo proteger as relações com o principal exportador de petróleo do mundo.

Governos europeus foram mais rigorosos ao criticar as explicações de Riad de que Khashoggi teria morrido após uma briga no consulado saudita em Istambul em 2 de outubro. Neste domingo (21), o ministro do Reino Unido para o Brexit disse que o relato não tinha credibilidade.

"Seria prematuro comentar sobre sanções e é prematuro comentar qualquer outra questão até que a investigação se aprofunde e chegue ao que realmente ocorreu", disse Mnuchin a jornalistas em Jerusalém.

Mnuchin confirmou que não comparecerá a uma conferência de investimentos saudita na terça-feira (23). Entretanto, ele disse que visitaria Riad, como foi planejado anteriormente, para discussões com seus equivalentes sobre esforços para combater o financiamento a terroristas e sobre os planos de Washington para reestabelecer sanções contra o Irã em novembro.

Depois de negar qualquer envolvimento no desaparecimento de Khashoggi, de 59 anos, por duas semanas, a Arábia Saudita disse no sábado (20) que o jornalista e crítico do príncipe saudita Mohammed bin Salman havia morrido após uma briga no consulado. Uma hora depois, um oficial saudita atribuiu a morte a uma chave de braço.

Refletindo o ceticismo internacional sobre a versão saudita do incidente, uma autoridade do governo saudita apresentou uma nova versão, que em alguns pontos-chave contradiz as explicações anteriores.

A nova versão inclui detalhes sobre como uma equipe de 15 sauditas enviados para confrontar Khashoggi havia ameaçado drogar e sequestrar o jornalista, e depois o matou em uma chave de braço quando ele resistiu. Um integrante da equipe então vestiu as roupas de Khashoggi para parecer que ele havia deixado o consulado.

As autoridades turcas suspeitam que Khashoggi, que era saudita e residente nos Estados Unidos, foi morto dentro do consulado por uma equipe de agentes sauditas e seu corpo, esquartejado.

Os comentários de Trump sobre o incidente Khashoggi nos últimos dias variaram entre ameaçar a Arábia Saudita com consequências "muito severas" e alertas sobre sanções econômicas, a observações mais conciliadores nas quais ele destacou o papel do país como aliado dos Estados Unidos contra o Irã e outros militantes islâmicos, assim como um grande comprador de armas dos Estados Unidos.

"Eu não estou satisfeito até encontrarmos uma resposta. Mas foi um grande primeiro passo, um bom primeiro passo. Mas eu quero chegar à resposta", disse Trump a jornalistas neste fim de semana, quando questionado sobre a investigação saudita e a demissão de oficiais subsequente, devido ao incidente.

Em uma entrevista ao jornal "Washington Post", Trump disse que "obviamente houve enganação e mentiras".