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Dólar firma alta ante real com exterior enquanto aguarda eleição

24/10/2018 10h44

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar firmou trajetória de alta ante o real nesta quarta-feira, acompanhando o cenário de maior aversão ao risco no mercado internacional, enquanto investidores aguardam o desfecho da eleição presidencial doméstica no próximo domingo.

Às 12:14, o dólar avançava 0,88 por cento, a 3,7294 reais na venda, depois de marcar a máxima de 3,7296 reais. Na mínima, mais cedo, atingiu 3,6827 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,8 por cento.

"Mesmo com alguns dados mais fracos nos EUA, lá fora o mercado está mais avesso ao risco, o que manteve as compras por aqui", resumiu um profissional da mesa de câmbio de uma corretora local.

Indicadores da economia norte-americana mais fracos do que o previsto poderiam aliviar a cautela, já que podem significar um ritmo não tão forte de aumento de juros pelo Federal Reserve, banco central norte-americano.

Destaque para as vendas de novas moradias, que recuaram em setembro para perto da mínima de dois anos, ao recuarem 5,5 por cento ante o mesmo mês de 2017, para 553 mil unidades.

Em meio às preocupações com crescimento econômico global, orçamento italiano e isolamento da Arábia Saudita após a morte de um jornalista, os investidores ainda se depararam nesta quarta-feira com a notícia de que bombas foram enviadas a Hillary Clinton, ao ex-presidente dos EUA, Barack Obama, e também à CNN.

O dólar subia ante a cesta de moedas e ante a maioria das divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano, influenciando também a alta local.

No início do dia, a moeda chegou a cair ante o real, com o exterior mais tranquilo e os investidores esperando o desfecho eleitoral.

"O dólar deve passar os próximos dias de lado, entre 3,65-3,70, esperando o resultado das eleições, domingo", avaliou naquele momento a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, para quem a pesquisa Ibope da véspera, apesar de reduzir um pouco a distância entre o líder e Fernando Haddad (PT), ainda mostra grande vantagem, com difícil reversão para o PT.

O levantamento mostrou que Bolsonaro está com 57 por cento dos votos válidos, contra 43 por cento do adversário, de 59 a 41 por cento na pesquisa anterior.

Além disso, a rejeição ao capitão da reserva subiu para 40 por cento, de 35 por cento, enquanto em relação a Haddad caiu a 41 por cento, de 47 por cento, o que ajudou a puxar uma tímida correção no início do dia.

"Se realmente for confirmada a vitória de Bolsonaro, que é o cenário mais provável, pode ter um rali na segunda-feira e, depois, ... volta à vida normal", acrescentou Fernanda.

De todo o modo, os investidores monitoram o noticiário político, sobretudo em busca de informações "positivas" sobre o provável novo governo, no que diz respeito, principalmente, ao ajuste fiscal.

Na véspera, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse que Bolsonaro, uma vez eleito, pretende definir os nomes de seus ministros e presidentes de estatais em até 30 dias pós-eleição. Além disso, afirmou que não está descartada a manutenção de Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central.

O Banco Central vendeu nesta sessão 7,7 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 6,545 bilhões de dólares do total de 8,027 bilhões de dólares que vence em novembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Profissionais ouvidos pela Reuters informaram que o recuo recente do dólar abriu espaço para uma discussão sobre a redução do estoque de swap, mas avaliam que a autoridade monetária pode esperar um cenário mais claro pós-eleição para se decidir.