Saída dos EUA de pacto de armas nucleares aumenta risco de guerra, diz Gorbachev
Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - Mikhail Gorbachev, o último líder soviético, criticou nesta sexta-feira a decisão dos Estados Unidos de se retirarem de um tratado de controle de armas que ajudou a encerrar a Guerra Fria, dizendo que a medida poderia desencadear uma nova corrida armamentista, aumentando o risco de um conflito nuclear.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que Washington planeja se retirar do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), que Gorbachev e Ronald Reagan assinaram em 1987. O pacto eliminou todos os mísseis terrestres nucleares e convencionais de alcance curto e intermediário dos dois países na Europa.
Em coluna publicada no jornal New York Times, Gorbachev disse que a medida norte-americana é "uma ameaça terrível à paz" que ele espera ainda poder ser revertida por meio de negociações.
"Estão me perguntando se me sinto mal por ver o fim do que trabalhei tanto para alcançar. Mas esta não é uma questão pessoal. Há muito mais em jogo", escreveu. "Uma nova corrida armamentista foi anunciada".
Washington citou uma suposta violação russa do tratado como razão para deixá-lo, uma acusação que Moscou nega. Por sua vez, a Rússia acusa os Estados Unidos de romper o pacto.
Nos anos 1980, a instalação de mísseis nucleares terrestres dos EUA no oeste europeu provocou grandes protestos. Agora, alguns aliados dos Estados Unidos temem que Washington instale uma nova geração de mísseis na Europa e que a Rússia faça o mesmo em seu encrave de Kaliningrado, voltando a transformar o continente em um potencial campo de batalha nuclear.
Se os EUA de fato saírem do tratado, Gorbachev disse esperar que os aliados de Washington se recusem a ser o que chamou de plataformas de lançamento para mísseis norte-americanos, que Trump falou em desenvolver.
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