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Flávio Bolsonaro defende evitar Renan na presidência do Senado e vê sensibilidade para Previdência em 2019

28/11/2018 15h01

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do futuro presidente Jair Bolsonaro, defendeu nesta quarta-feira que se evite a eleição de Renan Calheiros (MDB-AL), ou de um integrante do grupo dele, para a presidência do Senado no próximo ano e disse haver sensibilidade na nova legislatura para aprovar a reforma da Previdência no Congresso.

O senador eleito adiantou que nessa proposta haverá "muita coisa" que não precisa mudar a Constituição, o que exigiria, na prática, um apoio menor para sua votação pelos parlamentares.

"O Renan é uma pessoa que está há bastante tempo ali. Foi reeleito. Então tem que ter o diálogo. Mas certamente para a Presidência da Casa não é o que a população espera", disse.

"A gente tem que dar um norte para o Senado que tenha sintonia com o que o brasileiro disse nessas eleições, então certamente nosso apoio não será ao Renan", afirmou Flávio, em entrevista coletiva na chegada ao gabinete do governo de transição.

O senador eleito disse que há "alguns nomes" que estão sendo colocados para essa disputa, citando nominalmente os senadores Davi Alcolumbre (DEM-AP), Lasier Martins (PSD-RS), Alvaro Dias (Podemos-PR) e Espiridião Amin (PP-SC) --este último eleito em outubro.

"Então acho que é importante nesse momento haver as discussões sobre os nomes e no passo seguinte uma convergência de forças para evitar que o grupo do Renan tenha sucesso na presidência do Senado", destacou.

Flávio indicou que o fato de o PSDB ter passado por um processo de desgaste perante a opinião pública dificulta um apoio ao senador tucano Tasso Jereissati (CE) para comandar o Senado.

Questionado se a escolha de um nome que não seja o MDB -- maior partido da base geralmente indica o presidente do Senado -- não desrespeitaria a tradição, Flávio destacou que ainda vai haver a composição de blocos partidários. Mas fez questão de ressaltar o perfil ideal do novo presidente do Senado.

"Nada impede que partidos formem blocos e possam respeitar essa tradição, mas acho que é importante, mais uma vez, um nome ficha limpa, que tenha essa simbologia de uma sincronia com as mudanças que o Brasil manifestou querer nestas eleições", destacou.

PREVIDÊNCIA

O senador eleito, atualmente deputado estadual, afirmou que a proposta da Previdência a ser encaminhada pelo futuro governo ao Congresso tem "muita coisa de legislação infraconstitucional".

Segundo ele, há mudanças que serão feitas por projeto de lei. Ele minimizou as declarações em reunião fechada com investidores nos Estados Unidos do seu irmão, o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de que, conforme reportagem do jornal O Estado de São Paulo, "talvez" não se aprove a reforma no próximo ano.

"Eu acredito que o novo Congresso, até em um início de governo, vai estar mais sensível a aprovar esse tipo de matéria, que está madura, até perante a opinião pública, da necessidade dela ser feita. A dificuldade que ele deve estar se referindo é desse ano. No ano que vem, também é um tema complicada, mas certamente menos difícil", disse.

Para Flávio, nada impede que uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência tramite em conjunto com projetos de lei do mesmo assunto.

"Agora até onde avança até onde não avança quem vai dar o tom é o presidente na hora de enviar os projetos para o Congresso Nacional, mas eu acho que a dificuldade maior seria hoje do que será num próximo parlamento", disse.

SENADOR COMUM

Flávio disse que o papel dos filhos de Bolsonaro é ajudar o país a dar certo e frisou que não será líder do governo no Senado, ao destacar que é melhor uma pessoa que conheça a Casa e seja experiente.

"Então independentemente de eu não querer ser o líder do governo, mas naturalmente por ser filho do presidente, não sou um senador comum, não serei um senador comum", disse.