Liga Árabe diz a Bolsonaro que mudança de embaixada em Israel pode prejudicar relações
BRASÍLIA (Reuters) - A Liga Árabe alertou o presidente eleito Jair Bolsonaro em uma carta que a transferência da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém poderia prejudicar as relações com os países árabes, disse um diplomata na segunda-feira.
A carta a Bolsonaro do secretário-geral da liga, Ahmed Aboul-Gheit, foi entregue ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, segundo o diplomata árabe que pediu para não ser identificado.
Embaixadores de nações árabes se reunirão em Brasília na terça-feira para discutir o plano de Bolsonaro de seguir a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada de Tel Aviv e reconhecer que Jerusalém é a capital de Israel.
Tal movimento seria uma forte mudança na política externa brasileira, que tradicionalmente apoia uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.
"O mundo árabe tem muito respeito pelo Brasil e queremos não apenas manter as relações, mas também melhorá-las e diversificá-las. Mas a intenção de transferir a embaixada para Jerusalém pode prejudicá-las", disse o diplomata.
O Brasil é um dos maiores exportadores de carne halal do mundo e esse comércio pode enfrentar problemas se Bolsonaro irritar os países árabes com a transferência da embaixada. Isso poderia afetar fortemente as exportações para os principais mercados do Oriente Médio das empresas BRF e JBS.
O lobby dos exportadores de carne tem pressionado o presidente eleito a não fazer isso, e ele pareceu ter mudado de ideia.
Mas seu filho Eduardo Bolsonaro disse durante uma recente visita a Washington que a mudança da embaixada "não é uma questão de se, mas de quando", em uma declaração após visitar o genro de Trump, Jared Kushner, na Casa Branca.
(Reportagem de Anthony Boadle)
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