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Brasil decide abrir escritório em Jerusalém, não fala em mudança de embaixada

31/03/2019 14h55

Por Lisandra Paraguassu e Dan Williams

BRASÍLIA/JERUSALÉM (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro anunciou neste domingo, durante visita a Israel, a abertura de um escritório em Jerusalém para promoção do comércio, tecnologia e inovação, mas não mencionou a possibilidade de mudança de endereço da embaixada brasileira.

Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto, a delegação brasileira chegou a estudar a classificação da abertura do escritório "como parte de sua embaixada em Israel", mas a fala oficial de Bolsonaro não fez essa menção.

"Agora há pouco tomamos a decisão final, ouvindo inclusive o nosso general Augusto Heleno, ministro de Estado (do Gabinete de Segurança Institucional), em criar aqui, abrir em Jerusalém o escritório de negócios voltado para ciência, tecnologia e inovação", disse Bolsonaro em declaração conjunta ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Já o premiê israelense afirmou esperar que a medida seja um primeiro passo para a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém.

Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu no Twitter que esta era a intenção do governo.

"É o 1º passo para a mudança definitiva da embaixada. Vale lembrar que os EUA aprovaram nos anos 90 durante presidência de Bill Clinton essa mudança de embaixada, mas só após nove meses de governo Trump ela foi concluída. Estamos nos rumo certo", disse.

Hoje, a embaixada brasileira está em Tel Aviv, onde estão as representações diplomáticas em Israel de praticamente todos os países.

Tanto Bolsonaro quanto Netanyahu destacaram a assinatura de acordos em suas falas, relacionados a áreas como piscicultura, tecnologia, segurança e agricultura. Bolsonaro também agradeceu a ajuda enviada por Israel para o resgate de vítimas em Brumadinho (MG), onde o rompimento de uma barragem de rejeitos da Vale deixou mais de 200 mortos no fim de janeiro.

Na última quinta-feira, Bolsonaro já havia dito que o governo brasileiro poderia abrir um escritório de negócios em Jerusalém, em vez de transferir a embaixada em Israel para a cidade, como chegou a anunciar mais de uma vez.

O aparente recuo em relação à mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém --um assunto sensível na região e que desagrada os países árabes, grandes importadores de carne de aves do Brasil-- vem com a resistência dos militares do governo e da equipe econômica, que teme as consequências para as exportações brasileiras.

Quando ainda no Brasil, Bolsonaro não descartou totalmente a transferência da embaixada ao lembrar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levou nove meses para tomar a decisão final de mudar a embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém.