Governo da Bolívia condena violência "vergonhosa" em meio a troca de acusações com oposição
O governo da Bolívia repudiou a violência "vergonhosa" que deixou dezenas de feridos e um morto durante protestos na quarta-feira contra a polêmica eleição presidencial do mês passado, culpando a oposição pelos confrontos enquanto a raiva aumenta dos dois lados.
Críticos do governo apontam o dedo para apoiadores do presidente Evo Morales, cuja vitória eleitoral de outubro foi maculada por alegações de fraude após uma interrupção abrupta na contagem de votos e uma guinada inesperada a favor do líder de esquerda.
Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, o vice-presidente Álvaro García Linera pediu que os líderes opositores Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho ajudem a deter a violência e acatem uma auditoria dos resultados eleitorais em andamento da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Mesa, o segundo colocado na votação de 20 de outubro, e o líder cívico Camacho vêm exortando Morales, que comanda o país desde 2006, a renunciar e convocar novas eleições sem concorrer.
Camacho, que se tornou um símbolo da oposição a Morales, chegou no final da quarta-feira à capital La Paz, onde planeja marchar até o palácio presidencial para entregar uma carta de renúncia pré-escrita para Morales assinar.
Ele arriscará novamente a manobra depois que uma primeira tentativa de chegar à cidade provocou uma reação intensa dos apoiadores do governo, mas ajudou a unir uma oposição fragmentada depois de semanas de protestos e greves vistos em todo o país após a votação.
Ainda na quarta-feira, imagens e filmagens de televisão mostraram grupos se chocando em ruas de cidades de toda a nação, com episódios particulares de violência nas cidades de Cochabamba e La Paz. A morte de um jovem foi confirmada, e imagens de uma prefeita local que ativistas antigoverno cobriram de tinta vermelha circularam amplamente.
Mesa disse no Twitter nesta quinta-feira que o jovem morto, identificado como Limbert Guzmán, foi "assassinado" por apoiadores de Morales e culpou o governo por atiçar a violência.
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