Topo

Irã quer ficar responsável por caixa-preta após queda de avião ser atribuída a míssil

10/01/2020 08h31

Por Alexander Cornwell e Parisa Hafezi

DUBAI (Reuters) - O Irã afirmou nesta sexta-feira que quer ficar responsável por acessar as gravações da caixa-preta de um avião ucraniano que caiu logo após decolar de Teerã, matando todas as 176 pessoas a bordo, depois que o Canadá e autoridades dos Estados Unidos disseram que a aeronave foi abatida por um míssil iraniano, provavelmente por engano.

A República Islâmica, que nega que o Boeing 737-800 tenha sido derrubado por um míssil, disse que pode levar um mês ou dois para extrair informações dos gravadores de voz e dados de voo. O Irã também disse que pode pedir ajuda a Rússia, Canadá, França ou Ucrânia se precisar, e que o inquérito pode exigir um ou dois anos.

Segundo a mídia iraniana, representantes de EUA, Canadá e França vão viajar a Teerã para participar de reuniões para a investigação sobre o acidente liderada pelo Irã.

"Assim que chegarem, participarão das reuniões para investigar os motivos do acidente", informou a agência Irna.

A Ucrânia disse que não pode descartar um ataque de míssil, mas tampouco o confirmou. O voo da Ukraine International Airlines de Teerã a Kiev caiu na quarta-feira, quando o Irã estava em alerta para uma reação dos Estados Unidos horas depois de lançar mísseis contra alvos norte-americanos no Iraque.

O incidente aumenta a pressão internacional sobre o Irã depois de meses de tensão com os EUA e ataques militares retaliatórios. Os EUA mataram um general iraniano na semana passada com um ataque de drone no Iraque, provocando os lançamentos de míssil de Teerã.

Nas redes sociais, muitos iranianos expressaram revolta com as autoridades pelo não fechamento do aeroporto após os lançamentos de míssil do Irã -- muitos passageiros eram iranianos com dupla nacionalidade.

"Preferimos baixar as caixas-pretas no Irã. Mas se virmos que não podemos fazê-lo porque as caixas estão danificadas, buscaremos ajuda", disse Ali Abedzadeh, chefe da Organização da Aviação Civil iraniana, em uma coletiva de imprensa em Teerã.

Mais cedo, a televisão estatal mostrou as caixas-pretas amassadas, dizendo que suas informações podem ser baixadas e analisadas.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, citando informações de inteligência de seu país e de outras fontes, culpou um míssil iraniano pela queda do avião, que tinha 63 canadenses a bordo, mas disse que "pode muito bem não ter sido intencional".

"Os indícios apontam que o avião foi abatido por um míssil iraniano terra-ar".

O procurador-geral ucraniano pediu ao Canadá "que forneça a informação disponível ao lado canadense que possa facilitar investigações criminais" sobre o acidente.