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Taliban e EUA se envolvem em discussão no Twitter em meio a aumento da violência no Afeganistão

02/05/2020 14h07

Por Abdul Qadir Sediqi

CABUL (Reuters) - Representantes das forças armadas dos Estados Unidos no Afeganistão e insurgentes do Taliban se envolveram em uma rara discussão pública neste sábado, desabafando nas redes sociais a respeito do processo de paz no Afeganistão.

Depois de longas conversas a portas fechadas em fevereiro, o Taliban e os Estados Unidos assinaram um acordo para reduzir agressões mútuas e avançar em direção às negociações com o governo afegão, mas os ataques do grupo insurgente aumentaram desde então.

Sonny Leggett, porta-voz das forças norte-americanas no Afeganistão, usou o Twitter para se dirigir a seu equivalente talibã neste sábado, dizendo que as forças americanas queriam que o processo de paz avançasse, mas que retaliariam se o grupo militante continuasse com os ataques.

"Ataques geram ataques, enquanto controle produz controle. Se a violência não puder ser reduzida, então, sim, haverá resposta", disse Leggett, no Twitter, identificando e se dirigindo ao porta-voz do Taliban, Zabihullah Mujahid.

Mujahid respondeu que o caminho para uma resolução está na implementação do acordo de Doha.

"Não prejudique o ambiente atual com declarações inúteis e provocativas", tuitou Muhajid a Leggett, antes de acrescentar: "estamos comprometidos com o nosso objetivo, honre suas próprias obrigações".

O Taliban diz que os Estados Unidos não pressionaram o governo afegão a realizar uma troca de prisioneiros mencionada no acordo, que estipulava a permuta de 6.000 prisioneiros --5.000 membros do grupo insurgente e 1.000 das forças afegãs.

Leggett admitiu que houve uma redução da violência nas cidades e contra as forças da coalizão.

"Mas queríamos TODOS os lados reduzindo a violência em até 80% para pavimentar o caminho para as negociações de paz", acrescentou Leggett, referindo-se ao aumento nos ataques às forças afegãs.

O Taliban realizou mais de 4.500 ataques desde a assinatura de um acordo com os Estados Unidos, segundo dados da Reuters. As províncias mais atingidas são aquelas com mais infecções por Covid-19, que estão se espalhando rapidamente pelo país devastado pela guerra.