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Alemanha bloqueia projeto de gasoduto Nord Stream 2 em meio a crise na Ucrânia

22/02/2022 11h30

Por Sarah Marsh e Madeline Chambers

BERLIM (Reuters) - A Alemanha interrompeu nesta terça-feira o projeto do gasoduto Nord Stream 2 no Mar Báltico, planejado para dobrar o fluxo de gás russo direto para a Alemanha, depois que a Rússia reconheceu formalmente duas regiões separatistas no leste da Ucrânia.

O projeto de energia mais polêmico da Europa, no valor de 11 bilhões de dólares, foi concluído em setembro, mas ficou ocioso aguardando a certificação da Alemanha e da União Europeia.

O gasoduto foi arquitetado para aliviar a pressão sobre os consumidores europeus que enfrentam preços recordes de energia em meio a uma crise mais ampla de custo de vida pós-pandemia e sobre governos que já desembolsaram bilhões para tentar amortecer o impacto sobre os consumidores.

Mas nesta terça-feira o preço de referência europeu do gás, atualmente o contrato holandês de março, subia 9,2% para 78,50 euros por megawatt-hora (MWh) pela manhã, no horário de Brasília.

Dmitry Medvedev, ex-presidente da Rússia e agora vice-presidente do Conselho de Segurança do país, buscou jogar sal nessa ferida.

"Bem-vindo ao novo mundo onde os europeus vão pagar 2.000 euros pelo gás!" disse ele, de acordo com a agência de notícias RIA.

A Alemanha obtém metade de seu gás da Rússia e argumentou que o Nord Stream 2 era principalmente um projeto comercial para diversificar o fornecimento de energia para a Europa.

Mas, apesar dos potenciais benefícios, enfrentou oposição dentro da União Europeia e dos Estados Unidos sob a alegação de que aumentaria a dependência energética da Europa em relação à Rússia, além de negar taxas de trânsito à Ucrânia, sede de outro gasoduto russo, e torná-la mais vulnerável à invasão russa.

"Esta é uma grande mudança para a política externa alemã com enormes implicações para a segurança energética e a posição mais ampla de Berlim em relação a Moscou", disse Marcel Dirsus, integrante não-residente do Instituto de Políticas de Segurança da Universidade de Kiel.

"Isso sugere que a Alemanha realmente leva a sério a imposição de custos duros à Rússia."