Universidade de Cambridge diz que se beneficiou do tráfico de escravos
Por Alistair Smout
LONDRES (Reuters) - A Universidade de Cambridge, no Reino Unido, disse nesta quinta-feira que se beneficiou dos lucros da escravidão ao longo de sua história e prometeu expandir bolsas de estudo para alunos negros e financiar mais pesquisas sobre o comércio de escravos.
O reconhecimento ocorre no momento em que uma série de instituições importantes --do Banco da Inglaterra à Igreja da Inglaterra-- reavaliam o papel central que a escravidão desempenhou no enriquecimento do Reino Unido e como eles se beneficiaram de suas injustiças.
Cambridge disse que uma investigação que encomendou não encontrou evidências de que a própria universidade alguma vez tenha possuído escravos diretamente. Mas as descobertas mostraram que ela recebeu "benefícios significativos" da escravidão.
Esses ganhos vieram de benfeitores universitários que levantavam dinheiro com o tráfico de escravos, investimentos da universidade em empresas que participavam dele e taxas de famílias proprietárias rurais, segundo o relatório da investigação.
Os pesquisadores concluíram que os bolsistas das faculdades de Cambridge estavam envolvidos com a Companhia das Índias Orientais, enquanto os investidores da Royal African Company também tinham ligações com Cambridge – duas empresas ativas no comércio de escravos.
A universidade também recebeu doações de investidores de ambas as empresas e investiu diretamente em outra empresa ativa no tráfico de escravos, a South Sea Company, segundo o documento, produzido por um grupo de acadêmicos de Cambridge.
"Tal envolvimento financeiro ajudou a facilitar o comércio de escravos e trouxe benefícios financeiros muito significativos para Cambridge", informou o relatório Legacies of Enslavement.
Várias pessoas também são homenageadas na universidade sem referência ao seu envolvimento, apontou o relatório.
Enquanto isso, o Museu Fitzwilliam foi fundado com dinheiro e obras de arte herdadas de um representante da South Sea Company.
Em resposta ao relatório, a universidade disse que o museu realizará uma exposição sobre escravidão e poder em 2023, enquanto o Museu de Arqueologia e Antropologia de Cambridge recomendou que seus Bronzes de Benin, retirados em uma violenta campanha militar no século 19 de um território que mais tarde tornou-se parte da Nigéria moderna, sejam devolvidos.
Cambridge também criará um centro dedicado para pesquisar os legados da escravidão, irá aprofundar os laços com universidades do Caribe e da África e aumentará as bolsas de pós-graduação para estudantes britânicos negros, bem como para os da África e do Caribe, disse a universidade.
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